domingo, novembro 30, 2008

Fados de Coimbra

Foi uma noite deliciosa, para desanuviar...
O fado de Coimbra pode ser nostálgico, mas aquece o espírito.

Fiz uma cova na areia
P'ra enterrar minha mágoa
Entrou por ela o mar todo
Não encheu a cova d'água

Ninguém conhece no rosto
Todo o bem que a alma inspira
A vida é gosto e desgosto
Mentira tudo mentira


(Fado da Mentira)

quinta-feira, novembro 27, 2008

Um enorme susto

Quase pânico!

Há alturas em que é preciso ter sangue frio...
mas quando as chamas devoram a casa pegada à nossa, destruindo em minutos o que levou uma vida inteira a construir...
quando o rastilho vem ao nosso encontro...
a noite torna-se ainda mais noite...
o frio torna-se calor...
o calor gera frio...
e ainda agora as mãos tremem no teclado sem serem capazes de articular, com coerência, o que a alma sente.

domingo, novembro 23, 2008

"O Juízo final em versão light"

A propósito do Evangelho de hoje (Mt. 25, 31 - 46), um texto, com alguma ironia, para reflexão:

«No fim do mundo, o Juiz reunirá todos os que acreditaram nele, e há-de dividi-los em quatro grupos - ovelhas, cabras, cabritos e cordeiros.

À sua frente colocará as ovelhas:
aqueles que rezaram com fervor
aqueles que falaram dele com fervor
aqueles que fizeram jejuns por ele
aqueles que lhe cantaram.

E dir-lhes-á, naturalmente:
“Vinde benditos, recebei o meu Reino como herança.
É verdade que eu tive fome e sede
e vocês não fizeram nada,
mas isso também não era responsabilidade vossa:
Era responsabilidade das vossas organizações de caridade e acção social!
Não podeis ser condenados pelos trabalhos dos outros.”

Atrás de si ficam as cabras,
aqueles que não fizeram nada, que simplesmente se deixaram ir no rebanho…

E dir-lhes-á:
“Vinde benditos, recebei o meu Reino como herança.
É verdade que eu tive fome e sede
e vocês não fizeram nada,
mas foi porque estáveis distraídos com outras coisas!
E além disso, com quem mais poderia eu mostrar a minha misericórdia?”

À sua esquerda colocará os cabritos:
aqueles que fizeram parte dos grupos sócio-caritativos,
das conferências vicentinas,
das mesas das misericórdias e de IPSSs,
dos governos e das câmaras municipais e juntas de freguesia,
os que foram assistentes sociais,
os que andaram pela Cruz Vermelha
e por algumas ordens religiosas.

À sua direita colocará os cordeiros:
exactamente os mesmos do grupo dos cabritos,
com a diferença de que estes cumpriram bem o seu papel,
enquanto que os do grupo dos cabritos nem sempre o conseguiram fazer.

E dirá aos cabritos:
“Afastai-vos de mim,
Vós que tínheis a obrigação de cuidar de mim
na pessoa dos pobres
e tantas vezes não o fizestes”.

Depois dirá aos cordeiros
(se tiver sobrado alguém para este grupo):
“Apenas fizestes o que devíeis fazer,
nada mais do que a vossa obrigação.
Apesar disso, entrai,
Para que não se diga que eu não sou justo.”

Assim, reza esta versão do Juízo final,
que o modo mais seguro de alcançar o céu
é fugir de todo o compromisso social e caritativo…»

(Carlos Neves, in: Na Peugada do Bom Samaritano, Temas de Reflexão 2002/2003, Cáritas Diocesana de Coimbra)

O Senhor diz: "Eu tive fome... eu tive sede..." na pessoa daquele que estava ao pé de ti.
Viste-o e deste-lhe de comer e de beber?

Quantas vezes a resposta não será deste género?:
- Onde, onde? Não vi... não vi nada, não sei de nada... Mas isso não era problema meu! Para isso estavam lá os outros a quem isso competia...

E quantas fomes e sedes (de muitas qualidades) assim vão matando o nosso próximo, porque não vimos nada, ninguém vê nada... é tudo da competência dos outros.

domingo, novembro 16, 2008

O servo preguiçoso

Ele até era um homem como todos os outros. Um dia ataram-lhe as mãos, fazendo-o acreditar que era melhor assim. Com as mãos atadas não podia fazer mal nenhum. O que não lhe disseram é que assim também não podia fazer nada de bom.
Apesar da revolta que sentiu tentando desamarrar-se sem o conseguir, foi começando a adaptar-se e assim conseguiu viver com as mãos atadas.
E começou a esquecer-se que antes tivera as mãos livres.
Passaram anos, só ouvindo falar do mal que era feito por quem tinha as mãos livres.
Ninguém lhe contava era o bem que também era feito pelos homens de mãos livres.
E ele sentia-se imensamente feliz porque assim não fazia mal a ninguém.

Um dia desamarraram-no.
És livre, disseram-lhe.

Mas era demasiado tarde.
As mãos deste homem estavam totalmente atrofiadas!

(O homem das mãos atadas)
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Na Parábola dos Talentos(Mt. 25, 14 - 30), da Liturgia da Palavra de hoje, um dos três servos que receberam bens do seu senhor, foi acusado de ser um servo mau e preguiçoso, por não ter colocado a render a parte dos bens que lhe coube.


Nós por vezes somos este servo quando nos acomodamos a limitações que nos impuseram ou que nós próprios nos impusemos, não fazendo força para nos libertarmos dos grilhões. Somos capazes de nos deixarmos ficar retidos em qualquer porão de luminosidade fosca, apenas para não sermos incomodados com luzes mais fortes com medo de ferir as retinas. E assim nos deixamos ficar enterrados juntamente com o nosso talento.

Somos também este servo preguiçoso quando temos connosco o talento necessário a desamarrar as mãos do nosso irmão e, não só não o desamarramos, como lhe fazemos crer que está melhor assim.

No entanto, o Senhor diz que aquele servo deveria ter arriscado o talento como fizeram os outros servos. Se tivesse arriscado e perdido, ao menos teria tentado e não seria chamado de preguiçoso.

Assim nós, o que não devemos é ficar preguiçosos a ponto de acharmos que não vale a pena o esforço de trabalharmos com os poucos talentos que temos; nem deixar que o medo de fracassar nos domine, a ponto de enterrarmos os talentos que Deus nos confiou.

"Os homens não são todos iguais em talentos; mas podem-no ser no esforço”.
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Irei, em confiança
Viver como lembrança
O Teu sinal de Luz
Testemunhar
Cantar a salvação
Abrir meu coração
Aí eu sinto sempre vivo
Teu chamar

Vem por aqui!
Ao teu ser Eu dei vida, formei
Em amor o teu nome chamei
Eu te escolhi!
Vem por aqui!
Vem, não temas te ensino a falar
Sou alento em teu caminhar

domingo, novembro 09, 2008

Creio na Igreja

"Um homem subiu para o telhado da sua casa durante uma enchente. Era um homem crente e fiel a Deus.
A água continuava a subir, e já começava a alcançar o telhado, quando resolveu orar e pedir socorro a Deus.
Deus respondeu-lhe dizendo, aguarda que já te salvarei!
Mal acabou de falar veio um homem numa canoa remando e chamou-o: Ei, entra no barco e vamos embora.
Ele olhou para a canoa que balançava na água, lembrou-se da voz de Deus e disse: Pode ir embora, Deus virá salvar-me!
Logo veio uma lancha a motor e o chamou pelo alto-falante: Ei, vamos embora que vem mais chuva!
Ele olhou para a lancha, lembrou-se da canoa balançando e da voz de Deus que lhe prometeu socorro, então disse: pode ir, Deus virá salvar-me!
E a chuva veio, e a água subia mais e mais, e ele: Deus, e Eu aqui ó!!!? já estou com água na barriga!
Então vieram os bombeiros num helicóptero, desceram uma escadinha, e gritaram: Ei, suba a escada! Ele olhou para cima, viu o helicóptero, o vento e a chuva, achou arriscado e decidiu dispensar a boleia.
Já com o nariz dentro de água orou a Deus e disse: óh Senhor! não vieste buscar-me!...
Deus então respondeu: enganas-te, mandei-te uma canoa e não quiseste, mandei-te um barco e dispensaste-o, mandei-te um helicóptero e desprezaste-o... Agora, é tarde para mandar outro meio."


Deus sempre deu meios para salvar a humanidade. Por fim enviou o seu próprio Filho, Jesus. E a Igreja é o meio que Jesus colocou ao nosso alcance para a nossa Salvação.

Porque não é possível dizer "Cristo sim, Igreja não

  • A Igreja – boa, má, medíocre, santa ou pecadora, tudo isso junto – foi e continua a ser a razão de Cristo se fazer homem e se deixar matar numa cruz.
  • A Igreja não é Cristo. Cristo é o absoluto, o fim; a Igreja, apenas o meio. O cano não é a água que passa por ele, mas o cano é que me traz a água!
  • Há alguma outra instituição que tenha feito mais em favor dos que sofrem do que a Igreja?
  • A Igreja não é perfeita. Ela é composta por homens e mulheres. A Igreja é medíocre por estar formada de pessoas como nós.
  • A Igreja é a mãe que me gerou como cristão e me continua a alimentar.
Estas são Razões para amar a Igreja


"Eu te digo: Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt. 16,18)

sábado, novembro 01, 2008

Tudo é cansaço


(imagem algures na net)

Não me apetece dedilhar o teclado
Nem as cordas da viola...
Tudo é cansaço
Fadiga...
Cansaço!
Sim, cansaço...
Apenas cansaço acumulado.
E a vida sem pena nem dó
Avançando no mesmo ritmo cadenciado.

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