segunda-feira, dezembro 17, 2012

"Veio para o que era seu...

... mas os seus não o receberam." (João 1,11)


"O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o estábulo do seu dono; mas Israel nada conhece, o meu povo nada entende."
 (Isaías 1,3)

«Os animais são ali um símbolo do reconhecimento do Messias, um símbolo cheio de profundo significado. O boi, segundo a melhor interpretação patrística, é o povo de Israel, que levou o jugo da lei. Enquanto que o burro, animal de carga, é o povo gentio, carregado de pecados e de idolatrias. Destes dois povos nasceu a Igreja que reconhece o Jesus como seu Senhor.

O burro e o boi são dois componentes originais da Igreja: a igreja dos gentios (nós, que não somos judeus) e a igreja dos circuncidados (os judeus convertidos ao cristianismo), para adotar uma terminologia do apostolo Paulo. Conforme Gálatas 2,8 ss, não são apenas dados folclóricos, são esplêndidos símbolos eclesiais, ou seja, da Igreja.»

«Nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento.»
(Bento XVI, A Infância de Jesus – pág. 61, editora Principia, tradução portuguesa) 

«Falando de novo do livro de Bento XVI, “A Infância de Jesus”, tem sido dito que o Papa excluiu do presépio o boi e o jumento. Mas o texto é claro ao dizer apenas que os evangelhos de Mateus e de Lucas não falam dos dois animais. Bento XVI remete para Is 1, 3: «O boi conhece o seu amo e o jumento o estábulo do seu senhor; mas Israel, meu povo, nada entende»; e para Habacuc 3, 2: «No meio de dois seres vivos...tu serás conhecido, quando vier o tempo, tu aparecerás» (nos LXX), remetendo para P. Stuhlmacher, “Die Geburt des Immanuel”, p. 52. Os Padres da Igreja, desde Justino no séc. II, escreveram que, simbolicamente, agora a Igreja, o novo Israel, reconhece o seu Senhor e junto do presépio estão o boi e o jumento que antes não conheciam o Senhor. A presença dos animais significa que o AT se cumpriu em Belém. A iconografia e S. Francisco assim o entenderam.»


"A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular".
(Mt. 21, 42)


Para todos: Feliz e Santo Natal! 

e Ano Novo no Amor e na Paz de Deus que se fez Menino para nós!

quarta-feira, agosto 22, 2012

Sabe a Sal


Sabe a sal. Sabe a vida.
Estende-se um manto de ondas silêncio a tocar o céu. Não quero perturbar esse repouso e respiro desajeitada um eco só.
Queria que a água poluída do meu rio se escoasse até às profundezas por entre as rochas negras e, depois, o leito se deixasse banhar, qual ninfa, nesse apetecido azul. E o mar subiria corpo acima até os peixes lhe brincarem nos olhos.
Quem foi, quem disse, que o mar dos olhos também sabe a sal?

sexta-feira, julho 20, 2012

Venha o que vier...




Meu Senhor e meu Deus

Que a Tua bondade me baste
Que o Teu Amor me baste
E tudo o mais será acréscimo da Tua bondade
Extensão do Teu Amor

E venha o que vier
Nada será maior do que Vós.

Meu Senhor e meu Deus!

segunda-feira, junho 18, 2012

Um Reino Semeado na Terra

"A semente é a Palavra de Deus e o semeador é Cristo;
quem O encontrar permanecerá para sempre."


Mensagem para o XI Domingo do Tempo Comum, ano B

...........

cantemos com o Salmo para o XV Domingo do Tempo Comum, ano A

SALMO RESPONSORIAL - Salmo 64 (65):
 A semente caiu em boa terra e deu muito fruto

Visitastes a terra e a regastes,
enchendo-a de fertilidade.
As fontes do céu transbordam em água
e fazeis brotar o trigo.

Assim preparais a terra;
regais os seus sulcos e aplanais as leivas,
Vós a inundais de chuva
e abençoais as sementes.

Coroastes o ano com os vossos benefícios,
por onde passastes brotou a abundância.
Vicejam as pastagens do deserto
e os outeiros vestem-se de festa.

Os prados cobrem-se de rebanhos
e os vales enchem-se de trigo.
Tudo canta e grita de alegria.
partitura
ouvir (outra variante da letra)

sexta-feira, junho 01, 2012

Todos os dias são dias das crianças


Quando as crianças fazem Uau, tenho um ratinho!
Quando as crianças fazem Uau, tenho um cachorrinho!...
Tem uma coisa que eu sei
que nunca mais irei rever
é um lobo mau que dá um beijinho
num carneirinho...

E as crianças fazem
Ei, me dá a mão,
porque me deixa só?
Sem ajuda de ninguém,
sem qualquer um,
ninguém pode virar um homem

Uma boneca ou robô,
talvez, talvez brinquem um pouco,
mas com o dedinho, em alta voz
ao menos eles, é, fazem as pazes
E cada coisa nova é uma surpresa
até quando chove,
E as crianças fazem: Uau, olha que chuva!

Quando as crianças fazem Uau!
Que maravilha! Que maravilha!
Mas que bobo veja só, olha só!
Eu me envergonho um pouco.
Já não sei mais fazer "Uau!"
e fazer tudo como eu quero.
Porque as crianças falam sempre,
falam tudo, tudo que pensam.

As crianças são muito sinceras
mas têm tantos segredos, como poetas...
E as crianças se ocupam com a fantasia
E com poucas mentiras
oh mamma mia, bada.
Mas tudo é claro e transparente
Quando um adulto chora as crianças fazem:
"Ei! você fez um dodói, a culpa é tua!"

Quando as crianças fazem Uau!
Que maravilha, que maravilha!
Mas que bobo veja só, olha só!
Eu me envergonho um pouco.
Já não sei mais fazer "Uau!",
Não brinco mais numa gangorra,
Não tenho a chave que abre a porta
dos nossos sonhos...

Lá, lá, lá, lá, lá...

Enquanto os chatos fazem: Éh!
Enquanto os chatos fazem: Ah!
Enquanto os chatos fazem: bôooo!
Tudo fica igual!
Mas se as crianças fazem Uau, uau!
Ei, basta uma vogal!

Eu me envergonho um pouco,
E os adultos fazem NÃO!
Eu peço abrigo, eu peço abrigo,
como os leões eu quero andar engatinhando
Cada um é perfeito e iguais na cor...
E viva os loucos que perceberam o que é amor!
É tudo uma história de estranhas palavras
que eu não entendo...

Quero voltar a fazer Uau!
Quero voltar a fazer Uau!
Porque as crianças falam sempre,
falam tudo, tudo que pensam...

(Giuseppe Povia, Quando as crianças fazem Uau)

domingo, abril 29, 2012

O Senhor é meu Pastor


Confiarei nessa voz que não se impõe,
mas que eu ouço bem cá dentro no silêncio a segredar.
Confiarei, ainda que mil outras vozes
corram muito mais velozes, para me fazer parar.

E avançarei, avançarei no meu caminho.
Agora eu sei que tu comigo vens também.
Aonde fores, aí estarei, em Ti avançarei:


O Senhor é meu pastor,
sei que nada temerei.
Ele guia o meu andar,
sem medo avançarei.
(bis)

Confiarei na Tua mão que não me prende,
mas que aceita cada passo do caminho que eu fizer.
Confiarei, ainda que o dia escureça
não há mal que me aconteça, se contigo eu estiver.

Confiarei, por verdes prados me levas,
e em Teu olhar sossegas a pressa do meu olhar.
Confiarei, a frescura das Tuas fontes
deixa a minha vida cheia, minha taça a transbordar.


quinta-feira, abril 05, 2012

Fazei isto em Minha Memória

Um Pão Um Corpo

Um pão, um só corpo, um só Senhor de tudo,
Um cálice de bênção que abençoamos.
E nós, embora muitos, por toda a terra,
Nós somos um só corpo neste único Senhor.


Gentio ou judeu Servo, ou livre,
Mulher ou homem, não mais.

Um pão, um só corpo, um só Senhor de tudo...

Muitos dos presentes, muitas das obras,
Um no Senhor, de todos.

Um pão, um só corpo, um só Senhor de tudo...

Grão para os campos, dispersas e cultivadas,
Reunidos para um, para todos.

Um pão, um só corpo, um só Senhor de tudo,
Um cálice de bênção que abençoamos.
E nós, embora muitos, por toda a terra,
Nós somos um só corpo neste único Senhor.




Votos de uma santa Páscoa!

Vida Nova, na Unidade do mesmo Senhor, Vivo e presente no meio de todos e em todos!


segunda-feira, março 19, 2012

Com Amor e Sangue

A música ainda não se fazia ouvir, mas o desfile dos pares em roda anunciava-se no terreiro, ao lado da capela.
A tarde ia ser de marchas; e o pai, com o seu par, encabeçava o desfile. Bem trajado, como sempre o fizera enquanto a vida lho permitira. Olhei-o, tranquila: ele parecia bem.
Mas a minha música era outra; e segui o meu caminho, estrada acima, pela berma de pedras soltas, rumo a casa. Caí. Os joelhos cravejaram-se de pedrinhas e o sangue jorrou em grossas gotas. Lavei-as com vinagre, de passagem pela casa de uma amiga, entrando por uma porta e saindo por outra, sem me deter. Deixei que por lá escorresse um rasto ácido e ensanguentado, marca de um trilho, talvez pedido de socorro, talvez semente; ou um brilho de estrela cadente, num registo fugido, demente.
Arrependi-me e voltei para me desculpar e limpar o chão que se empastava, ressequia; enquanto o pai chegava a casa, depois da dança, e dizia:
- Estou muito cansado, vou dormir.
Ainda pensei em oferecer-lhe de jantar, mas não valia a pena, ele não comia. E eu só podia responder-lhe: “Descansa em paz, meu pai!”
Mas respondi:
- Dorme bem, pai.
Porque a eternidade é um sonho sossegado para quem consegue dançar a vida com ritmo e equilíbrio. Com amor.

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Como Eu vos amei

Na sequência da publicação anterior (primeiro passo na escola do Amor), e para a completar:

Jesus, na noite da sua paixão, deu-nos um Mandamento Novo do Amor:
«Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei!» (João 13,34).

Este mandamento resume todos os outros mandamentos, todas as leis, todas as regras e normas.
Somos convidados a amar de forma gratuita, sem interesse, sem esperar nada em troca, unicamente por querer o bem do outro, de todos os outros.

“O meu Mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo. 15, 12-13).


O amor maior by Olímpia Mairos

"A medida do amor é amar sem medida" (Santo Agostinho).

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Como a ti mesmo


Foi dito aos antigos: "Olho por olho, dente por dente". - Lei de Talião (Ex. 21,23-25; Lv. 24,17-21)

Mas, citando Ghandi: "Olho por olho e o mundo terminará cego".
...

Então: "Justiça é não fazer a outrem o que não queríamos que nos fizessem." (Hughes Lamennais)

"Aconteceu um dia que um não-judeu chegou ao grande rabino Shammai e lhe disse: Faz-me prosélito (convertido [ao Judaísmo]) sob a condição de que me ensines a Toráh inteira, durante fico parado em um pé só. Esse o empurrou com o bastão que tinha na mão. A seguir veio a Hillel, e este o fez prosélito e lhe disse: O que tu não estimas [que te façam], isso também não faças ao teu próximo. Isso é toda a Torá, e todo o restante não é senão explicação: vai e a aprende!" (Talmude Babilônico, Sabbat 31a).

“Não faças a ninguém aquilo que não queres que te façam a ti”. (Tobias 4,15) 

Reparamos que estes ensinamentos são mandamentos (regras de ouro) de formulação negativa e incompletos, que [apenas] recomendam o que não devemos fazer aos nossos próximos.

Jesus veio aperfeiçoar o que até aí foi dito, dizendo-nos: "Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas" (regra de ouro cristã) (Mt. 7,12); e "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt. 22, 39).

Assim:
"Para poder progredir para um amor perfeito, o primeiro passo é amar o outro como eu me amo.
(...)
A chave, então, é esta: eu me encontro, eu me amo, eu me conheço se amo e não espero nada dos outros. Eu tenho todas as capacidades e dons recebidos de Deus na minha natureza para amar-me e amar os outros e descubro estas capacidades somente se me amo por primeiro e se a minha vida é dada exclusivamente para os outros. O segredo para viver o primeiro grão do amor, que é amar os outros como eu me amo, passa por esta escolha: amar por primeiro. Eu me amo acreditando que tenho em mim mesmo todas as forças, capacidades, para amar-me e amar sem medida os outros.

Este passo é bem concreto e real. Por exemplo: se uma pessoa me calunia, eu decido amá-la primeiro. Outra pessoa tenta me afastar de um amigo, eu a amo por primeiro e faço de tudo para ser a chave da reconciliação entre todos."
(Ler artigo completo em: Aliança de Misericórdia)


Assim:
" 'Amarás a teu próximo como a ti mesmo'.
O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei." (Rm. 13, 9-10)

Esta é uma proposta de felicidade. A mais perfeita regra de ouro.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Pedras e pontes





Valerá a pena construir pontes para ultrapassar pedras?

As pedras no nosso caminho fazem-se sempre presença.

Tantas vezes dou comigo a partir pedra, a ser e fazer pontes para passar sobre obstáculos. Em tempo de “Natal dos simples”, “já me cansa esta lonjura”. Será que valerá a pena facilitar sempre o caminho a outros? A todos os outros? Será que cada um não deverá rasgar os seus próprios pés nas pedras que encontra no seu caminho e que, muitas das vezes, ainda faz rolar para o caminho dos outros?

Por vezes a ponte é uma ilusão, para lá dela não existe margem… existe sempre o outro lado, mas às vezes é um abismo. E ficamos, na melhor das hipóteses, ali… suspensos…

Mas:
“Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura”.

Depois de ultrapassadas as pedras, pode ser que os passos fiquem mais firmes.

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