terça-feira, setembro 29, 2009

Silêncio

"Um homem dirigiu-se a um convento de clausura, isto é, um convento onde se vive longe do ruído da cidade e num silêncio desejado. Perguntou a um desses monges:
- Que aprendeis vós com a vossa vida de silêncio?
O monge estava a tirar água do poço. Disse ao seu visitante:
- Olha para o fundo do poço. Que vês lá dentro?
O homem olhou para dentro e disse:
- Não vejo nada.
O monge ficou algum tempo sem se mover e no final disse ao visitante:
- Contempla agora. Que vês no fundo do poço?
O homem obedeceu e respondeu:
- Agora vejo-me a mim próprio: espelho-me na água.
O monge concluiu:
- Vês? Quando eu mergulho o balde, a água fica agitada. Agora, pelo contrário, está tranquila. É esta a experiência do silêncio: o homem vê-se a si próprio."
(Frei Róger Brunorio - OFM)


sexta-feira, setembro 25, 2009

Em cinco sentidos

... ou sem nenhum sentido [de orientação]!

Fui [des]orientada, melhor dizendo, sensibilizada :S
pelo Pinguim Alegre a sentir-me numas questões de sentidos.
Eis as respostas (sem grande norte):

Qual o Sentido que melhor me descreve?
- Sou toda 'ouvidos'!

Visão - A minha imagem favorita:
- A Natureza.

Tacto - O que mais gosto de sentir na pele:
- O toque de outra pele.

Paladar - O meu sabor preferido:
- Delicio-me com a água fresca (mas sem ser demasiado fresca).

Olfacto - O cheiro que me inebria:
- O aroma das flores selvagens nos pinhais em dias quentes.

Audição - O som que gosto mais de ouvir:
- Música suave.

E depois de [com]sentido[s] apurados[s] acho que mereço um prémio!!!
Obrigada ao Pinguim.


São servidos? Então mãos à obra!
Atribuo o prémio a quem ousar [des]orientar-se neste[s] sentido[s].

domingo, setembro 20, 2009

O voo da andorinha


Se eu de ti me não lembrar, 'Jerusalém',
fique presa a minha língua.

Sobre os rios de Babilónia nos sentámos a chorar,
com saudades de Sião.
Nos salgueiros das suas margens,
dependurámos as nossas harpas.

[Do Salmo 136 (137)]

segunda-feira, setembro 14, 2009

Onde a saudade me dói

Ouvi o mar chamar por mim, insistentemente.
Fiz silêncio e pus-me à escuta: era isso mesmo, o mar sussurrava-me ao ouvido aquela melodia de que eu começava a sentir falta.

Procurei-o ao cair da tarde. Na areia branca, húmida, deixei o rasto dos pés, junto com o das gaivotas seduzidas pela traineira do peixe.
O azul imergiu-me; a distância naufragou-me.
Deixei os pés afundarem-se na areia, submergidos pela rebentação das vagas, escorridos na espuma, embebidos nessa água, mas perdidos noutro sal, porque é outro longe que eu sinto.

As gaivotas, atraídas pelo odor do peixe, voam em redor do barco em busca de alimento.
Eu procuro outro barco. Atraída pelo fragor do mar, deixo mergulhar os pés e flutuo os sentidos nesse embalo, numa ânsia de me transportar para outro lado no meio do oceano... para lá; para lá: onde a saudade me dói.







quinta-feira, setembro 10, 2009

Dias inesquecíveis









Sossego
Descanso
Acalmia
Repouso o olhar
Ao longe
De um lado o mar
E o respirar o céu
Por cima do olhar
Do outro
O cume da terra
Que um dia deu clarão
Subindo ao azul infinito
Água
Terra
Fogo
Ar
Os elementos se conjugam
Em harmonia para me saciar
Vida
Alegria
Amor
Amizade
Carinho
Paz
Dias inesquecíveis
Onde tudo me sorri

A tranquilidade mora aqui

segunda-feira, setembro 07, 2009

Maior que o mar e o céu



Aqui, o mar não enrola na areia; aqui, o mar umas vezes bate nas rochas e noutras dá-lhe beijos com suavidade. Aqui, o mar está constantemente a seduzir-me, a declarar-me o seu amor, e eu a deixar-me seduzir, sempre tentada a sucumbir aos seus encantos.

Depois de ler (devorar!) ‘Onze Minutos’, praticamente, num dia; depois de uma noite de ‘Xutos e Pontapés’ num concerto ao vivo pela noite dentro, até cair de cansaço; acordo às oito da manhã e… rebolo de um lado para o outro. Ao meu lado, ele dorme… e está para dormir. Então, levanto-me para não o acordar. Preparo-me e saio para a minha volta matinal, diária. O mar está à minha espera. Salto de rocha em rocha e, de chinelos, mergulho os pés e deixo que o mar mos beije como de costume.
A água está espectacular. Simplesmente espectacular! Disputo-a com os peixes que saltam para outra poça onde o mar os vem buscar.
Não há ninguém por muito perto. Apetece-me tirar a roupa e abandonar-me toda às ondas que me vêm saudar. Mas não, prefiro contemplá-lo. Saboreá-lo até à linha do horizonte. Este contacto físico e visual transmite-me uma paz imensa. Saborear o momento, este momento, esta imensidão de mar e céu, sem nada mais querer, sem nada mais desejar, faz-me levantar as mãos bem alto e lembrar o Salmo: “Como sois grande em toda a terra, Senhor nosso Deus!”, infinitamente maior do que o mar e o céu.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Mar salgado



A ilha é negra. A casa é junto ao mar, rodeada de rochas. Virada para o imenso atlântico. Apenas uma pequena estrada e um paredão de rochas separam a casa da água. Tão perto que já o mar a banhou de Inverno.

Estendida na espreguiçadeira não dou pelo tempo que passa. Descanso, enquanto, lá atrás, no forno a lenha, está a assar o jantar de cerca de vinte pessoas: um belo de um bicho que encheu a mala térmica, vindo do outro lado do oceano. Vai para duas horas que o forno está ocupado com ele e, agora, já só é preciso deixá-lo lá ficar, sossegadinho, a acabar de tostar, até estar pronto para o manjar da noite nesta fresca esplanada, à luz dos candeeiros, que hão-de alumiar também a farra pela noite dentro.
Por isso, agora fico esticada, também eu, a corar um pouquinho ao sol – mas só um pouquinho mesmo, que não quero ficar tostada como o bicho que está no forno.
Fecho um pouco os olhos e quando dou por mim vejo-me sozinha… todos me abandonaram. Uns foram mergulhar, outros às compras, outros passear e deixaram-me sozinha na casa.
Levanto-me, vou espreitar o forno e volto a preguiçar. É então que sinto o apelo do mar. As ondas batem nas rochas: chamam por mim. Levanto a cabeça por cima do muro do jardim e, para lá das rochas, repouso o olhar ao longe onde se beijam o mar e o céu. É hora de sentir o afago das ondas, de me inebriar do seu sal. Ponho-me a caminho na sua direcção: atravesso a estrada em linha recta, qual sonâmbula, e pulo de rocha em rocha em ziguezague. Desço. Estou lá. E mergulho os pés nos seus beijos, com vontade de imergir toda nos seus lábios que fazem questão de me beijar. Mas tenho medo que ele me sufoque num abraço apertado de encontro às rochas. Ele, às vezes, é um namorado maroto e cruel que não se importa de magoar. O mesmo mar que, para lá destas rochas negras de lava do vulcão, desde sempre tem inspirado tantos poetas.

“Oh mar salgado,
Quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!”

A ilha é negra. Mas o imenso oceano é o mesmo.

terça-feira, setembro 01, 2009

Cenas de um casamento

Entrámos na igreja de braço dado.
Uma entrada, de sorrisos rasgados, ao som do Hino da Alegria. Com um brilhozinho no olhar, emocionada, mas sem me deixar dominar totalmente pela emoção, dei um beijinho ao noivo, o meu filhote mais velho – que será sempre o meu menino, um dos meus meninos muito queridos – e fui ocupar o meu lugar no grupo coral, mesmo ao lado.

Tinha parado de chover há algum tempo.
A chuva assustara-me um pouco mas, felizmente, acabou por dar tréguas e pudemos, enfim, entrar no automóvel e percorrer os cerca de três quilómetros que nos separavam da igreja. A água do céu apenas veio trazer uma bênção.

O nosso motorista, tio da noiva, também se juntou ao coro com o seu bandolim. Ao órgão, o padrinho do noivo, para as músicas mais sóbrias: Hino da Alegria; Marcha Nupcial; Salmo Responsorial; e… Avé Maria de Schubert, em Acção de Graças; nos outros cânticos, a viola foi o seu instrumento de eleição, e o órgão foi do Pedro mas que o cedeu ao Rui quando foi tocar a flauta no Pai-Nosso. Um grupo coral constituído por elementos das duas famílias (do noivo e da noiva) que se esmeraram nos ensaios e na cerimónia.

Chega a noiva: e entra ao som da Marcha Nupcial, radiante, belíssima. O pai entrega-a ao futuro genro, com um cumprimento, e os dois jovens sorriem um para o outro. Beijam-se com o olhar.
Nossa Senhora da Boa Nova recebe os seus filhos no seu regaço.

“Queres saber de que cor são os sonhos de Deus? (…) Volta a olhar o amor pela primeira vez.” - O cântico de entrada introduz na dinâmica da Celebração - "Pois o Verbo de Deus habitou entre nós."
A primeira leitura é do Livro dos Provérbios: “Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa? O seu valor é maior do que as pérolas.” …
E consegui cantar o Salmo Responsorial sem lágrimas: “O Senhor nos abençoe em toda a nossa vida” (…) “Teus filhos [são] como rebentos de oliveira/Ao redor da tua mesa” – pensei que ia chorar, mas aguentei-me.
Segunda Leitura da Primeira Carta de S. Paulo ao Coríntios: “Ainda que eu fale a língua dos anjos e dos homens, se não tiver amor, sou como o bronze que ressoa ou como o címbalo que retine (…) O amor não acabará jamais.”
Aleluia: Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o Seu amor em nós é perfeito.
O Evangelho é do episódio das Bodas de Caná da Galileia, em que Jesus deu início aos seus sinais do Reino.

Depois da Homilia é chegada a altura especial: o Matrimónio.

Cristo vai abençoar este amor conjugal:
Os noivos recebem-se um ao outro como esposos - dão-se a si próprios o Sacramento do Matrimónio.
O celebrante apenas intervém para pedir ao Senhor que confirme o consentimento que manifestaram e os enriqueça com a Sua bênção:
Não separe o homem o que Deus uniu.

“Nada te turbe, nada te espante
Quem a Deus tem, nada lhe falta
Nada te turbe, nada te espante
Só Deus basta.”

E prossegue a Celebração nos moldes habituais:

Oração Universal - em que se pediu pelos novos esposos, por todos os seus familiares e amigos, bem como pelos que já partiram, pelos casais ali presentes e por toda a Igreja para que continue a ser fonte de fé e de esperança para o mundo.

Ofertório – cantámos “ Como Borboletas”: “Como a paz não se constrói sem liberdade/ a verdade não se vive sem amor/ Povos todos agarrai-vos ao que é vida/ Porque o mundo foi tomado p´lo Senhor”.

Comunhão:
Jesus,
Meu Jesus, és o pão
Tu és meu alimento
Jesus,
Quero ser o teu lar
Amado da minh’alma
Jesus


Acção de Graças - Avé Maria - Franz Schubert

[Aqui 'doeu' já a finalizar o cântico, quando me emocionei… estava a ver que não me aguentava nas ‘canelas’… mas só deu uma tremedeira no fim de cantar e um choro levezinho…]

Cântico Final:
Renasce em mim,
mostra como ama alguém,
que precisa de mim
p'ra mostrar o melhor que Deus tem!

Reviver o que vivi
Renascer contigo
Conquistar o teu espaço astral
Pois quem ama não teme o bem e o mal
(n.º 12 da playlist música escutista, ao lado)

E porque já vai longo o relato, vou apenas referir que depois de assinados os registos deste acto seguiu-se a sessão fotográfica e um óptimo repasto muito alegre e divertido até às tantas...


Algumas Fotos:











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