terça-feira, junho 14, 2022

O Cântico dos Cânticos

A Comissão que coordena a nova tradução da Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa  acaba de tornar público o texto provisório do Cântico dos Cânticos

pdf do texto na imagem:


"Num trabalho iniciado em 2012, e que conta com a participação de 34 investigadores, a tradução realiza-se a partir das línguas originais." (in: Educris|02.06.2022)

"O título de Cântico dos Cânticos é a tradução das duas primeiras palavras do texto hebraico desse livro: Shir hashirim. A expressão é uma forma de superlativo e significa 'o mais belo dos cânticos' ou 'o cântico maior'. 

Poema lírico de tema amoroso, o Cântico dos Cânticos "celebra encontros e desencontros entre dois amados, dando-lhes a palavra de forma alternada, num diálogo estruturado em forma narrativa e de encenação teatral"; "o tema, o género e algumas das imagens e metáforas utilizadas são comuns na poesia lírica dos povos vizinhos de Israel e de Judá no Próximo Oriente Antigo".

 "O erudito judeu Saadia Gaon (séc. IX-X d.C.) escreveu que o Cântico dos Cânticos era como uma porta fechada, da qual há muito se perdera a chave. Esta metáfora exprime bem a variedade e as subtilezas com que nas tradições judaica e cristã sempre se processou a sua leitura e interpretação. 

Mas, quer no judaísmo quer no cristianismo, impôs-se, desde muito cedo, uma interpretação alegórica do Cântico dos Cânticos: o amor entre os amados é imagem ou metáfora do amor entre Deus e o povo de Israel ou entre Cristo e a Igreja". 

"Nos últimos duzentos anos, a tendência tem sido para redescobrir a possibilidade de ler o Cântico dos Cânticos nos seus próprios termos, enquanto celebração do desejo apaixonado e do amor mútuo entre um homem e uma mulher".

"Trata-se, portanto, de poesia lírica de tema amoroso que celebra e descreve os avanços e recuos, o jogo de distância e intimidade que caracteriza a expressão do amor, na sua dimensão afetiva e sexual".

"O leitor actual não precisa de assumir uma interpretação em detrimento da outra. A tradição de leitura alegórica legou-nos um riquíssimo património literário e espiritual". 

"Por outro lado, ao assumir desta maneira o sentido literal, a exegese moderna e contemporânea reabriu a porta ao reconhecimento de que o amor entre homem e mulher é um lugar teológico a redescobrir: a beleza e sublimidade do encontro amoroso é dom divino e, por isso, sacramento da presença e intimidade de Deus com as suas criaturas."


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