domingo, março 30, 2025

Rezemos, voltemos e festejemos!

«No dinamismo de estarmos a fazer o caminho da Quaresma, importa saber como prosseguimos ao encontro de Cristo pascal! Na verdade, quem não caminha na graça que a liturgia deste tempo nos oferece, está paralisado, cristalizou, e não experimenta a orientação que é preciso imprimir na sua vida, para manifestar uma fé autêntica, que deve frutificar. Por isso, o Senhor Jesus, no passado domingo nos interpelava: “Se não vos arrependerdes…” Será que todos nos lembrámos, e rezámos, esta Palavra ao longo da semana? 

E agora prosseguimos mais determinadamente, com o olhar bem firme na Páscoa da libertação, com razões acrescidas às que alimentavam o povo da antiga aliança, que comeu os primeiros frutos da terra da promessa, e comprovou como Deus é libertador, como lembra a primeira leitura (Jos. 5, 9-12).

Em Igreja, somos embaixadores de Cristo, em quem Deus nos dá a Vida, pela palavra da reconciliação, como anuncia a 2ª leitura (2Cor. 5, 17-21).

Fomos convidados ao arrependimento e à reconciliação. Agora, pela experiência do baptismo, queremos experimentar uma vida nova, em Cristo, para que na Páscoa possamos viver duma forma mais plena o mistério pascal.

O baptismo é o segundo, e decisivo, nascimento, para não ficarmos imersos nas trevas do pecado, mas emergir para a vida divina no dom da salvação que nos é oferecido.

 A liturgia deste domingo convida-nos a viver o amor de Deus, abandonando o caminho duma vida dissoluta, na escravidão do pecado, para festejar o encontro com o Pai e a alegria da sua misericórdia.
 
É preciso deixar as escolhas erradas na nossa vida, para entrar na festa do amor e da felicidade que o Senhor nos oferece.

"Deus de misericórdia, que, pelo vosso Filho, realizais admiravelmente a reconciliação do género humano, concedei ao povo cristão fé viva e espírito generoso, a fim de caminhar alegremente para as próximas solenidades pascais." (Oração de colecta do IV Domingo da Quaresma)
Não esqueceremos que caminhamos para a Páscoa libertadora, e que precisamos de reconciliar-nos com Deus e os irmãos. Então, neste domingo, para o conseguirmos, pedimos uma fé viva e um espírito generoso.

"Pai, pequei contra o céu e contra ti…" (Evangelho: Lc. 15, 1-3.11-32)
Como filhos, assumamos que a vida, longe do amor de Deus Pai, conduz à escravidão do pecado e da infelicidade. Mas Deus nunca se esquece de nós, e não nos abandona. Por isso, queremos regressar, como o filho mais novo, e entrar na festa do perdão, na alegria do amor, numa vida de unidade e comunhão com Deus e os irmãos.
Rezemos, voltemos e festejemos!
Não nos contentemos a ficar retratados na presunção do filho mais velho!
Ouçamos o Pai que nos diz: tudo o que é meu é teu!»
(Pe.Armando Duarte, partilha/reflexão para o IV domingo da Quaresma ano C, e semana que se segue)

 
"Este Pai continua à nossa espera. Ele sussurra, dia após dia: 
 Eu AMO-TE e sempre estive à tua espera." (Padre João Torres)

domingo, março 23, 2025

“Arrependei-vos”

«Prosseguimos na caminhada quaresmal para a Páscoa da Ressurreição, e importa que cada um examine se verdadeiramente está a caminhar. 
Oxalá que a transfiguração de Jesus, cabeça da Igreja, tenha continuado a transfiguração do Corpo, que somos nós, pela oração, pois o Corpo precisa de viver em unidade com a Cabeça! 
Tal como o convite a Moisés, na sarça ardente (Cf. Ex. 3, 2), também Deus nos pede que nos aproximemos d’Ele, na Eucaristia, para nos alimentar na nossa caminhada, e procuremos frutificar ao longo da semana.

Este domingo convida-nos a repensar a vida, à luz da fé, com a liturgia a propor-nos a conversão, para uma experiência de verdadeira libertação. Para sermos mulheres e homens livres, deixando a escravidão do egoísmo e do pecado, procuraremos acolher os valores que o Senhor nos oferece, para uma vida de plenitude, em Deus. Mergulhemos, pois, na fonte que Deus nos proporciona, bebamos do rochedo espiritual, que é Cristo, como lembra a segunda leitura, para alcançar uma vida que agrade a Deus.

Quando, no evangelho, Jesus nos vai repetindo, "Se não vos arrependerdes…", não está a fazer nenhuma pressão, nem ameaça, mas a deixar bem claro que precisamos de conversão, de mudança de vida, para dar frutos, que manifestem a verdade da fé, do baptismo, duma vida em Cristo.

"Se não vos arrependerdes…" (Evangelho Lc. 13, 1-9)
Esta proposta de oração, para continuarmos ao longo da semana, parece um refrão que o evangelho vai entoando. Mas é sobretudo um convite de amor, para uma atitude de conversão e mudança de vida, a exprimir uma renovação interior, para viver a Páscoa, na vida nova do baptismo. Por outras palavras, o convite de Jesus é: “arrependei-vos”. 
Como responder? A oração de colecta apresenta os remédios:
 
Deus, Pai de misericórdia e fonte de toda a bondade, que nos fizestes encontrar no jejum, na oração e no amor fraterno, os remédios do pecado, olhai benigno para a confissão da nossa humildade, de modo que, abatidos pela consciência da culpa, sejamos confortados pela vossa misericórdia. (Oração de colecta do III Domingo da Quaresma)

No início da Eucaristia, invocamos a bondade de Deus, para que, com a nossa resposta, pelos meios tradicionais da oração, do jejum e do amor, possamos obter os remédios para o pecado, e experimentar a libertação.

Boa caminhada quaresmal!»
(Pe.Armando Duarte, partilha/reflexão para o III domingo da Quaresma ano C, e semana que se segue)

domingo, março 16, 2025

“Agora é o tempo favorável...


... Agora é o dia da salvação”
 
«A palavra de Deus deste 2º domingo da Quaresma começa por convidar a deixar o nosso comodismo e adormecimento na fé, para sermos transformados e transfigurados, em Cristo, caminhando como peregrinos para a Páscoa, pois “a cidade a que pertencemos está nos céus” (Fl 3, 20)

Alguns podem andar esquecidos que somos amigos de Deus, que sempre nos ama, e nos dá uma vida sobrenatural, com vocação à imortalidade, e que essa vida precisa de ser alimentada pelos melhores meios. A Eucaristia é um dom insubstituível.
A nossa vida de fé é uma vida nova, em Cristo. Assumamos, pois, o nosso baptismo, e vivamos n’Ele o caminho de libertação e de conversão.

Somos interpelados a estar disponíveis, e acolhendo a palavra do Senhor, como Abraão, que acreditou e confiou em Deus, e foi capaz de sair da sua zona de conforto. 
É preciso deixar a auto-suficiência, e as amarras que nos prendem a uma vida fútil e vazia, desprovida de autenticidade e de verdade, escravizada pelas coisas terrenas, como lembra a segunda leitura (Fl 3,17-4,1)
Só Cristo, Senhor e Salvador, nos transformará, fazendo-nos participar do seu “corpo glorioso”, como nos propõe. Precisamos duma autêntica conversão do coração, com a firmeza duma decisão por Cristo.

Jesus, o Filho bem-amado do Pai, realizará essa transformação do nosso coração. Ele nos propõe uma vida feita de entrega e de amor, até à morte, como nos dá exemplo. 
É o caminho de transfiguração, que queremos seguir, para sermos mulheres e homens novos, em Cristo. Transfigurou-se a nossa cabeça, que é Cristo, e também se transfigurará o corpo, que somos nós.

Deus de infinita bondade, que nos mandais ouvir o vosso amado Filho, fortalecei-nos com o alimento interior da vossa palavra, de modo que, purificado o nosso olhar espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória. (Oração de colecta do II Domingo da Quaresma)
Que se pede, nesta Eucaristia?
Alimentando-nos da Palavra, escutar e seguir Jesus, como seus discípulos, num projecto de amor e de serviço, para sermos filhos no Filho. 
Para isso, precisamos de purificação espiritual dos nossos critérios e estilo de vida, para entrarmos na sua glória.

“Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O” (Evangelho: Lc 9, 28b-36)
Deus oferece-nos uma proposta de libertação, mas é preciso fazer silêncio, para a nossa oração. Queremos acolher Jesus, palavra viva, pelo dom e auxílio do Espírito Santo, que vem rezar em nós. Sintamo-nos filhos, amados por Deus, para sermos transfigurados e participarmos da sua glória. A herança do céu é o nosso grande tesouro, que nos faz progredir no caminho de vida em plenitude! 
(Pe.Armando Duarte, partilha/reflexão para o II domingo da Quaresma ano C, e semana que se segue)

«A Transfiguração de Jesus revela-nos a luz que transforma.» Padre João Torres

domingo, março 09, 2025

Recusa das tentações, opção pelos valores do Evangelho


«Chegou o tempo da Quaresma. 
A caminhada destas semanas descobre o seu sentido, e tem o seu culminar, na Páscoa da Ressurreição. 
Todo o nosso ser anseia por libertação. E a exercitação interior, as ações e os gestos, que somos chamados a realizar, hão-de ser expressão duma correspondência autêntica à experiência duma vida nova em Cristo.
Assim, pelos meios que nos são oferecidos, queremos aproveitar este tempo como dom para aprofundar e renovar o sentido do nosso baptismo. Que seja uma excelente oportunidade para um encontro verdadeiro com Cristo e os irmãos, em Igreja. Lembremos a importância essencial dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, da oração mais cuidada, e da vivência do amor.

Eis que se apresenta nova etapa na vida cristã, que deve conduzir à vivência pascal, com o aprofundamento do sentido do Baptismo. Precisamos de sair de tudo o que nos escraviza e oprime, deixando a vida velha do pecado, de modo a ter uma fé autêntica em Cristo ressuscitado.
 
A Palavra de Deus deste domingo culmina com as tentações de Jesus, que são também as tentações da Igreja. E aquele que julga estar de pé, que não sente que é tentado, tenha cuidado, pois pode estar já vencido, por terra. Por outras palavras: a pior cegueira é não querer ver a luz!

Concedei-nos, Deus omnipotente, que, pela observância quaresmal, alcancemos maior compreensão do mistério de Cristo, e a nossa vida seja dele um digno testemunho. (Oração de colecta do Domingo I da Quaresma)

Atenta bem naquilo que se pede nesta Eucaristia! Em primeiro lugar, procurando descobrir o sentido da quaresma, de que falei nos parágrafos anteriores, para compreender e viver a grande beleza e riqueza do mistério de Cristo. Assim, a experiência da fé na nossa vida há-de expressar-se em atitudes, gestos e actos concretos de empenhamento cristão.

Como referi, as tentações de Jesus são também as tentações da Igreja. Para alcançarmos vitória, tal como Jesus, temos que fortalecer-nos com a assistência do Espírito Santo, com a força da oração, da meditação da Palavra de Deus, com a ascese da penitência quaresmal. 
Por isso, ao longo da semana, reza esta resposta de Jesus para que alcances vitória, com Ele, no Espírito:

Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor, teu Deus’» 
(Evangelho Lc 4, 1.13)»
(Pe.Armando Duarte, partilha/reflexão para o I domingo da Quaresma ano C, e semana que se segue)


 

sábado, março 01, 2025

“Remar contra a maré”

“Nada te turbe, nada te espante.
Quem a Deus tem, nada lhe falta.
Nada te turbe, nada te espante.
Só Deus basta.”
(Santa Teresa de Ávila)

Ninguém está imune à onda de egoísmo que rola à nossa volta.
Depressa nos deixamos arrastar por ela, quando somos indiferentes ao sofrimento dos outros, quando não nos preocupamos com o bem comum, indo até à destruição do que é de todos…

É verdade que se conseguem, por vezes, alguns gestos de solidariedade, mas falta uma atitude constante.

Que fazer para inverter esta tendência?

- Ousar amar!

No entanto, o amor exige aceitação total do outro, doação sem limites…
Não é algo abstracto. Traduz-se em atitudes, palavras, gestos, tempo.
Tudo tão difícil no mundo de hoje.

Onde encontrar a força para esta ousadia, para contrariar a onda de materialismo que nos rodeia e que convida sobretudo ao comodismo e ao egoísmo?

- NAquele que é o Amor por Excelência. Uma fonte inesgotável: Deus.

Esta é uma descoberta maravilhosa. Deus ama-nos com um amor infinito, que podemos livremente aceitar e procurar retribuir.

Mas aí está um desafio ainda maior!
Não será ousado de mais?!

Quem ama a Deus, corre o risco de ser criticado por acolher e manifestar tal amor.
Porém, vale a pena desenvolver essa coragem e experimentar a beleza dele.

Em Jesus, nós podemos aprender a apoiar a nossa vida no amor de Deus.
NEle encontramos o alimento e a força para “remar contra a maré”.

Partilhas maiores