
«Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande.»
In: Sermão de Santo António aos peixes
Santo António pregou aos peixes porque os homens não o queriam ouvir.
Estes peixes, metaforicamente, não deixam de ser os homens.
Se, naquele tempo, as injustiças eram enormíssimas, provocando grandes disparidades sociais, de modo que os grandes atrofiavam os pequenos, fazendo deles capachos de seus pés; este sermão continua mais que válido para os tempos pelos quais estamos a passar.
De carácter particular, são usados quatro exemplos de peixes que se referem a tipos comportamentais:
O roncador que simboliza os arrogantes;
o pegador, que simboliza os oportunistas;
o voador, que simboliza os ambiciosos;
e o pior de todos, o polvo, que simboliza o traidor e o hipócrita.
Ontem, como hoje, o mais grave de tudo é que são os grandes que comem os pequenos, ou seja são precisos muitos pequenos para alimentar um grande.
Santo António acusa-os igualmente de cegueira, vaidade e de terem maldade.
Estas repreensões são feitas com o objectivo de mudarem os homens, ou pelo menos fazê-los pensar, mesmo que não haja uma mudança rápida.
"Vós sois o sal da Terra"... e explica as razões pelas quais a terra está tão corrupta. Ou a culpa está no sal - os que pregam -, ou na terra - os ouvintes.
Não me estou a sentir muito capaz de ser sal... a minha voz não tem assim tanta força, sente-se fraca, silenciada, atrofiada...
Sinto-me é comida dos peixes, de grandes Tubarões.