“O mundo vai girando/ Cada vez mais veloz/ A gente espera do
mundo/ E o mundo espera de nós…”[*]
Foi assim, com o mundo a correr a uma velocidade
estonteante, que resolvi deixar (es)correr o meu mundo como música numa pauta, aqui, em Partilhas em Fá menor (partilhas-em-fa-m.blogspot.com)
e me tornei blogger em formato de acorde menor.
Andávamos, então, pelo início do ano de 2007, e as
TIC tinham começado a mostrar-me um fascinante mundo novo, abrindo-me portas ao
desconhecido para lá de um monitor de computador.
Como é que uma mãe de família se mete nestas coisas?!
A verdade é que não podemos dar crédito a tudo o que
teima em nos querer entrar casa adentro… e eu até era um bocado céptica quando
os meus filhos me pediram o primeiro computador e ligação à internet. Achava
que, mais do que os ajudar nos estudos, como eles me afiançavam, os iria
distrair deles. Aquilo era para mim um “bicho-de-sete-cabeças”.
Quando decidi voltar à escola para recomeçar a
estudar, à noite, num Curso Tecnológico de Acção Social, as TIC constituíam uma
disciplina obrigatória. É certo que até aí já me tinha abalançado a escrever
uns textos no Word por iniciativa própria, frequentado uma formação e obtido um
diploma de Competências Básicas em Tecnologias de Informação; mas foi nesta
altura que o impulso maior foi dado, até porque o bichinho já se tinha começado
a instalar e “quem não avança recua”.
Passado pouco tempo ajudei ao nascimento de
outro blogue, que pretendia ser um jornal de parede da turma do CTAS (Curso
Tecnológico de Acção Social) Nocturno, disciplina de TEC (Técnicas de Expressão
e Comunicação). No âmbito desta disciplina, foi proposta aos alunos desta turma
uma actividade inserida no tema “Sociedade da comunicação”. Depois de abordado
o tema foi decidida a construção de um jornal e daí, esse blogue: Visão
Nocturna (visaonocturna.blogspot.com).
E como não há duas sem três surgiu contrapobreza.blogspot.com,
como parte integrante do meu Trabalho da Prova de Aptidão Tecnológica (PAT), o
meu Projecto Ecos… em que se me tornou imperioso Sonhar que… é possível
acabar com a Pobreza.
É um blogue que fui mantendo activo, até porque
não me limitei a esse curso, mas avancei para outro de nível seguinte, de
Serviço Social e Desenvolvimento Comunitário; e, no que toca à pobreza, acho
que se trata de um assunto cada vez mais inquietante, complexo e de difícil
solução, mas a que não nos podemos acomodar.
Bem, mas não me fiquei por aqui. Como blogger
em formato de acorde menor, o meu mundo somou e seguiu.
No mundo da blogosfera podemos encontrar de tudo e
ainda mais alguma coisa. Eu tive sorte: encontrei essa “mais alguma coisa”.
Quando um grupo de bloggers se começou a reunir à volta de jogos
sucessivos de 12 Palavras, eu andava por perto e juntei-me a esse grupo, de
onde saíram verdadeiros textos de escrita criativa, que foram um pouco depois,
em 2008, reunidos em livro: o “22 Olhares sobre 12 Palavras”.
Entretanto comecei a tomar o gosto pela escrita e abri mais um blogue, ainda em 2007, o Retalhos e Rabiscos (ensaio12.blogspot.com),
onde fui começando a ensaiar mais uns rabiscos em retalhos soltos.
Como sou inconformista q.b., achei que tinha muito
que aprender e inscrevi-me num Campeonato de escrita criativa por e-mail, com
Pedro Chagas Freitas (pedrochagasfreitas.com), e nasceu mais um blogue para os
textos aí produzidos (e outros exercícios de escrita), o EscreVIvendo
(escritariscada.blogspot.com); depois, seguiram-se dois cursos de escrita criativa da UnyLeYa, com João Braamcamp de Mancelos, cujos textos produzidos foram sendo aí sucessivamente publicados.
Entretanto, comecei a ensaiar outros voos. Já não
me satisfazia apenas a escrita nos blogues. Precisava de soltar Um Grito. O
grito que me apertou a garganta e que sufoquei durante muitos anos. O grito que
uma ave prisioneira numa gaiola, ainda que muito bonita, não é capaz de soltar
se não for em voo. Porque chega um tempo em que já não conseguimos conter mais
o que nos quer extravasar do peito. Então, ao mesmo tempo que ia escrevendo,
comecei a tomar balanço.
Balancei, balancei... e saltei. Saltei para as
páginas de um livro, querendo acreditar... que: Talvez que as minhas asas/ de
papel/ Que alguém um dia/ não teve pejo de cortar/ podiam ainda ser coladas/ e
voar/ porque é preciso acreditar...
O livro, composto de Simplesmente/ Páginas da
Memória/ Que se Soltam/ Em Voo no Tempo, saiu em Novembro de 2011. Chama-se “Memória
Alada”. Nele: No início dos anos 1970, num mundo a preto e branco, Maria,
menina mimosa e ingénua de aldeia, teima em desenhar o seu mundo de outras
cores. Uma teimosia e uma ingenuidade rabiscadas em páginas que querem voar de
um quase diário.
Mas enquanto tratava com editoras para que este
livro visse a luz do dia, e porque “parar é morrer”, não me contive e abri
outro blogue. Desta vez Em Fá Sustenido, para experimentar a plataforma sapo (emfasustenido.blogs.sapo.pt); mais tarde, porque desgostei daquela plataforma, depois de várias tentativas consegui migrá-lo para a plataforma blogspot (emfa-sustenido.blogspot.com).
E assim fui obtendo um pouco de satisfação
pessoal; um pouco apenas, porque não consegui ficar por aí. A seguir vieram as
fotografias tiradas nas minhas caminhadas quase diárias, e surgiu No Meu
Silêncio (silenciosameu.blogspot.com). Mas como "a
curiosidade matou o gato", comecei a gastar muito tempo a pesquisar os
nomes e características das flores dos meus caminhos, e isso teria de ficar
registado em algum lado: então veio novo formato delineado para isso, logo: Pelo
Mundo – um Jardim (omundoumjardim.blogspot.com). Mas nem
todas cabiam aí nesse formato que idealizei, porque dava muito trabalho e achava que algumas eram _apenas
rumores (rumorinhos.blogspot.com).
Entre uns e outros, em 2018, vieram Algumas
outras linhas em que (também) me escrevo – A Linha e a Agulha (alinhaeagulha.blogspot.com),
uma espécie de álbum, quase livro de ponto(s), para ir publicando/guardando
alguns dos meus trabalhos de linhas e agulhas.
Ah, ainda falta mencionar C(l)ave . de . Fá
(famenorarquivo.blogspot.com), que surgiu ainda nos princípios, em 2008 – um arquivo meio morto: apenas uma gaveta na cave para ir guardando notas
dignas de registo... e alguns outros registos a sair do tom.
E é assim.
“Mesmo quando tudo pede/ Um pouco mais de calma/
Até quando o corpo pede/ Um pouco mais de alma/ Eu sei, a vida não pára/ A vida
não pára...
Será que é tempo/ Que lhe falta para perceber?/
Será que temos esse tempo/ Para perder?/ E quem quer saber?/ A vida é tão rara/
Tão rara...
A vida é tão rara.”[*]
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[*] Lenine, Paciência