Por favor, a vossa atenção! O autocarro não vai sair ainda, têm que descer e voltar para o terminal… há um atraso de uma hora… o avião está em manutenção.
“Oh, não!”
Sair. Voltar atrás. Esperar mais uma hora!
- Estou!... Já estão no avião?
- Ainda não!... o voo está atrasado uma hora…
- Ai, não!
- Pois, hoje já não vamos para o Pico, não vamos chegar a tempo de apanhar o último barco… com esta hora de atraso.
- Mas o que é que aconteceu?
- Só sei que o avião tem uma hora de atraso… está em manutenção. Uma avaria técnica. Um pneu furado. Os travões avariados. Um motor gripou… pifou, ou ardeu… queimou! Sei lá!... estou a começar a entrar em erupção!
- Calma! Vão ter tempo…
- Ainda se tivéssemos a chave da casa do Faial… assim vamos dormir debaixo da ponte… Ui! Não há lá ponte!... Dormimos no telheiro da varanda… (isto é, se dormirmos… se lá chegarmos!... e se avaria não for reparada como deve ser?… alguma vez tenho que morrer…) - os pensamentos atropelam-se a milhentos à hora. - E agora?
- Hei! Calma! – Responde a voz querida do outro lado – Vão chegar a tempo, o avião depois recupera!
- Ai quem me dera!
Dali a meia hora:
- Já vamos agora para o avião!
- Pronto, então vão ver que chegam a tempo… quando estiverem mesmo para sair, antes de desligarem os telemóveis mandem uma mensagem.
- Ok, até já!
Depois de cerca de meia hora dentro do avião. Após a contagem e recontagem dos passageiros… e mais outra recontagem ainda, é chamado um passageiro à cabine do comandante. Mais um compasso de espera.
Dali a mais algum tempo:
“Atenção, senhores passageiros, fala-vos o comandante. Por motivo de não aparecer um passageiro que faltou ao embarque, haverá mais alguns minutos de atraso, uma vez que se vai proceder ao descarregamento da bagagem.”
“Pronto, agora é que é!... é impossível apanhar o barco…”
- Mais um atraso! Um passageiro não aparece e têm de lhe ir procurar a bagagem para descarregar… olha, agora adeus: assim é que o barco vai embora sem a gente o apanhar
- Não se preocupem! Se não o apanharem, eu vou no barco das nove com a chave da casa e ficamos lá para amanhã. Liguem quando chegarem.
À chegada:
- Já desembarcámos!... agora vamos às bagagens… mas a esta hora o barco já deve ter ido…
- Vão na mesma para lá… que vai lá estar um barco à vossa espera… já tratei de tudo… só consegui um semi-rígido, mas o mar não está assim muito mau…
- Há aqui mais duas moças que também vão para o Pico…
- Está bem! Também podem ir. Sete pessoas… e bagagens… dá bem, dá bem!
Pegámos um táxi e chegámos, ‘os sete’, ao cais. E… ena!... o mar! mas já é quase noite, não é altura para ‘mergulhar’… (não sei, não!) mas acho que ‘os sete’… vão ter cá ‘uma aventura!... no Faial’… melhor dizendo: entre o Faial e o Pico… num barco de doze.
Três rapazes, que tinham chegado antes de nós, esperavam a sorte de um barco que rumasse ao lado de lá. O patrão do barco disse que podiam seguir connosco, que ainda havia lugares. Agora somos dez, mais a tripulação: um casal de jovens skippers. Um barco de doze, cheio. Uau! Só espero que não seja como jogar à ‘batalha naval’: ‘um barco de doze ao fundo!’
A nossa skipper deu-nos casacos impermeáveis e coletes insuflados que tivemos que vestir e… mar, aqui vamos nós!!!
Quinze minutos de travessia entre as duas ilhas. Mar um pouco picado. O barco aos altos e baixos e as ondas a molhar-nos. “Esta estrada está cheia de buracos!...” – gritava eu. Risos. “Parece as estradas da Madeira!” – volveu a rapariga madeirense que ia ao meu lado. “ O Alberto João é que havia de vir aqui também.” Gargalhadas. “A minha cara já está a arder!” – dizia a mesma moça que tinha ficado do lado pior e me guardava, com o seu corpo, das chicotadas da água. Uau! Mais salpicos!...
Hoow! Outra onda!... “Estou toda molhada!” Mais gargalhadas!... e mais e mais! E ainda mais de cada vez que sentíamos os beijos do mar no rosto e no corpo.
Bem!... Chegámos sãos e salvos. Não mergulhámos no mar, mas ele não deixou de nos vir saudar. Foi uma aventura e tanto - quem ler, pode acreditar. Bendito atraso do avião. Só por esta aventura, valeu o atraso! É como eu sempre digo: ‘nada acontece por acaso’. Eu estava mesmo a precisar desta adrenalina toda até à ponta dos cabelos. Há muito que não me sentia tão jovem, tão criança! Já sentia imenso a necessidade de me soltar. Eu e as minhas gargalhadas!
(Curiosidade: lembrei-me de que no livro d’Os Sete – “Uma Aventura nos Açores” – há um desenho premiado da minha muito querida.)
“Oh, não!”
Sair. Voltar atrás. Esperar mais uma hora!
- Estou!... Já estão no avião?
- Ainda não!... o voo está atrasado uma hora…
- Ai, não!
- Pois, hoje já não vamos para o Pico, não vamos chegar a tempo de apanhar o último barco… com esta hora de atraso.
- Mas o que é que aconteceu?
- Só sei que o avião tem uma hora de atraso… está em manutenção. Uma avaria técnica. Um pneu furado. Os travões avariados. Um motor gripou… pifou, ou ardeu… queimou! Sei lá!... estou a começar a entrar em erupção!
- Calma! Vão ter tempo…
- Ainda se tivéssemos a chave da casa do Faial… assim vamos dormir debaixo da ponte… Ui! Não há lá ponte!... Dormimos no telheiro da varanda… (isto é, se dormirmos… se lá chegarmos!... e se avaria não for reparada como deve ser?… alguma vez tenho que morrer…) - os pensamentos atropelam-se a milhentos à hora. - E agora?
- Hei! Calma! – Responde a voz querida do outro lado – Vão chegar a tempo, o avião depois recupera!
- Ai quem me dera!
Dali a meia hora:
- Já vamos agora para o avião!
- Pronto, então vão ver que chegam a tempo… quando estiverem mesmo para sair, antes de desligarem os telemóveis mandem uma mensagem.
- Ok, até já!
Depois de cerca de meia hora dentro do avião. Após a contagem e recontagem dos passageiros… e mais outra recontagem ainda, é chamado um passageiro à cabine do comandante. Mais um compasso de espera.
Dali a mais algum tempo:
“Atenção, senhores passageiros, fala-vos o comandante. Por motivo de não aparecer um passageiro que faltou ao embarque, haverá mais alguns minutos de atraso, uma vez que se vai proceder ao descarregamento da bagagem.”
“Pronto, agora é que é!... é impossível apanhar o barco…”
- Mais um atraso! Um passageiro não aparece e têm de lhe ir procurar a bagagem para descarregar… olha, agora adeus: assim é que o barco vai embora sem a gente o apanhar
- Não se preocupem! Se não o apanharem, eu vou no barco das nove com a chave da casa e ficamos lá para amanhã. Liguem quando chegarem.
À chegada:
- Já desembarcámos!... agora vamos às bagagens… mas a esta hora o barco já deve ter ido…
- Vão na mesma para lá… que vai lá estar um barco à vossa espera… já tratei de tudo… só consegui um semi-rígido, mas o mar não está assim muito mau…
- Há aqui mais duas moças que também vão para o Pico…
- Está bem! Também podem ir. Sete pessoas… e bagagens… dá bem, dá bem!
Pegámos um táxi e chegámos, ‘os sete’, ao cais. E… ena!... o mar! mas já é quase noite, não é altura para ‘mergulhar’… (não sei, não!) mas acho que ‘os sete’… vão ter cá ‘uma aventura!... no Faial’… melhor dizendo: entre o Faial e o Pico… num barco de doze.
Três rapazes, que tinham chegado antes de nós, esperavam a sorte de um barco que rumasse ao lado de lá. O patrão do barco disse que podiam seguir connosco, que ainda havia lugares. Agora somos dez, mais a tripulação: um casal de jovens skippers. Um barco de doze, cheio. Uau! Só espero que não seja como jogar à ‘batalha naval’: ‘um barco de doze ao fundo!’
A nossa skipper deu-nos casacos impermeáveis e coletes insuflados que tivemos que vestir e… mar, aqui vamos nós!!!
Quinze minutos de travessia entre as duas ilhas. Mar um pouco picado. O barco aos altos e baixos e as ondas a molhar-nos. “Esta estrada está cheia de buracos!...” – gritava eu. Risos. “Parece as estradas da Madeira!” – volveu a rapariga madeirense que ia ao meu lado. “ O Alberto João é que havia de vir aqui também.” Gargalhadas. “A minha cara já está a arder!” – dizia a mesma moça que tinha ficado do lado pior e me guardava, com o seu corpo, das chicotadas da água. Uau! Mais salpicos!...
Hoow! Outra onda!... “Estou toda molhada!” Mais gargalhadas!... e mais e mais! E ainda mais de cada vez que sentíamos os beijos do mar no rosto e no corpo.
Bem!... Chegámos sãos e salvos. Não mergulhámos no mar, mas ele não deixou de nos vir saudar. Foi uma aventura e tanto - quem ler, pode acreditar. Bendito atraso do avião. Só por esta aventura, valeu o atraso! É como eu sempre digo: ‘nada acontece por acaso’. Eu estava mesmo a precisar desta adrenalina toda até à ponta dos cabelos. Há muito que não me sentia tão jovem, tão criança! Já sentia imenso a necessidade de me soltar. Eu e as minhas gargalhadas!
(Curiosidade: lembrei-me de que no livro d’Os Sete – “Uma Aventura nos Açores” – há um desenho premiado da minha muito querida.)
16 comentários:
bonita aventura.
bj grande.
muito bem........
a ver se não me acontece o mesmo daqui a uns dias, pois também vou para o pico, via horta, e depois s. jorge e graciosa...
mas essa viagem de barco entre o pico e o faial às vezes é bem agitada...
beijinhos
Ufa... ! mas valeu e isso é que importa.
Bjs e bom descanso.
nada como uma boa aventura para nos sentirmos vivas, com a adrenalina no maximo ,,,,
ainda bem que valeu a pena ...
beijinhos
Olá Fá!
Depois dessa discrição,eu, que estava a programar umas férias calmas,já nem sei se vou...
Tive um ano tão movimentado e chato,que pensar que corro o risco de passar por algo semelhante aflige-me...
Bolas,eu quero é paz...
Um beijo...achei piada à narrativa..
POTT
Oh querida, que grande aventura, ah??! :D Mas mais que chegarem, valeu pelas gargalhadas, pelo descarregar de adrenalina... As vezes faz tão mas tão bem...
Aguardo o teu regresso.
Um beijo imenso,
CA
Aiiiiiiii;
eu não era capaz (só dopada)!
Ele há cada mulher valente!!!!
No entanto fico feliz, por te sentires feliz.... mesmo nessa adrenalina toda!
Beijinho só de Canela (sem mar).
É a primeira vez que vejo um hino ao atraso de um avião.
Eu que tenho um medo danado, já não ia, mais a mais sabendo que estavam a fazer manutenção "à pressa", digo eu.
Nem uma hipótese de aventura de barco me demoviam de levantar os pés da terra, eu que adoro andar de barco (tirei a carta de marinheiro, que nunca serviu para nada).
O barco com que sempre sonhei afundou-se antes de ser lanço ao mar.
É que a trabalhar ninguém enriquece.
Gostei da descrição e, por momentos, embrenhei-me numa qualquer aventura da infância.
Bom fim de semana.
À medida que ia lendo a descrição desta sua aventura, que para quem a viveu deve ter sido também bastante assustadora ia pensando precisamente no que afirma no seu final: nada acontece por acaso e Deus sabe o que faz!
Os percalços por que passou valeram-lhe um final de viagem bem agradável e como deve ter sido bem divertido!
É bom sairmos por vezes das nossas rotinas!
Continuação de boa disposição e bom fim-de-semana.
Beijinhos.
Beijinhos estrelados.
Voltarei!
Querida amiga
Passo por aqui, para te desejar um excelente fim de semana!
Continuo sem pc...
Beijinhos
Mário
Olá , nada como uma boas férias repletas de adrenalina~...
faz bem a alma e enriquece o espirito.
beijos e bom fim de semana.
José
Que bela aventura ! Não escreveste que precisavas de calma ?
Eu cheguei de férias esta manhã às 2h30 também com atraso por causa da greve mas não fui "salpicada". A viagem foi rápida e calma, a espera do avião e mais tarde das malas é que foi mais comprida mas nada de insuportável ! E as férias foram boas !
Continuação de boas férias para
ti !
Beijinhos
Verdinha
Olá amiga.
Aproveito e venho matar a saudade fazendo uma visita. Valeu chegar até aqui! Confesso que gostaria de voltar com mais freqüência, porém o “MBA” continua firme e o tempo ficou muito dividido, entretanto organizei momentos para visitar os preciosos amigos(as). Na oportunidade quero compartilhar de Machado de Assis o poema: “BONS AMIGOS. Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo a gente sente! Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar. Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende. Amigo a gente entende! Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar. Porque amigo sofre e chora. Amigo não tem hora pra consolar! Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade. Porque amigo é a direção. Amigo é a base quando falta o chão! Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. Ter amigos é a melhor cumplicidade! Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho, há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!” Desejo um ótimo fim de semana. Muito sucesso, muita paz e luz. Brilhe sempre! Fique com Deus. Felicidades.
Valdemir Reis
Sem dúvida, uma bela aventura. Delas bem precisamos, às vezes! :) Boa semana.
Fontez,
Gaivota,
Malu,
Teresa,
POTT,
Cátia,
Canela,
José Torres,
Ailime,
Belisa,
Mário,
José,
Verdinha,
Valdemir Reis,
O Árabe,
Adorei as vossas palavras.
A aventura também contribui para a tranquilidade na medida em que o espírito se distrai do que o oprime.
Beijinhos a todos!
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