«A forma de entender a fé é diferente de pessoa para pessoa, de um liberal para um ateu, de um teocrático para um cristão. Tem a ver com o relevo que é dado por cada um às suas vertentes familiar, afectiva, político-social, cultural, económica, religiosa e moral.
Para um liberal, cada uma destas vertentes é autónoma e independente, sem que nenhuma delas influencie qualquer outra. Como tal, a religião não influi nas opções de qualquer outra vertente. A fé é do domínio privado e pessoal.
Para um teocrático, todas as vertentes são influenciadas pela religião. Esta envolve e prevalece sobre todas as outras. Cada vertente não tem sentido em si mesma, nem nenhuma tem poder sobre qualquer outra. Todas são dominadas pela vertente religiosa, dependem exclusivamente dela, podendo mesmo ser humilhadas e desprezadas por ela quando levada ao extremo, tendo como resultado o fundamentalismo.
Num cristão, cada vertente tem a sua autonomia e identidade próprias, mas inter-relacionando-se como partes de um todo – de um só corpo. No centro deste corpo encontramos o Amor. Amor de/a Cristo que dinamiza e dá força a todas as vertentes da vida humana, procurando o equilíbrio entre todas. Conforme a sua vida e circunstâncias pessoais, assim cada pessoa encarnará a fé, sempre com Cristo como referência para a sua vida, que lhe dá sentido, a partir do seu interior e não por qualquer imposição externa. Cristo é o centro, a “pedra angular”, o amor que está no centro de tudo.
Um ateu exclui radicalmente a vertente religiosa, aceitando todas as outras. Se alguma das vertentes predominar será para fazer sobressair o ateísmo. O fenómeno religioso é encarado como alienação, estruturas de poder ou superstições, que não humanizam e que, por isso, têm de se eliminar.»
Fui buscar estas linhas a um texto que escrevi há algum tempo, apesar de toda a polémica que gerou, porque quando se aborda o tema religião é sempre passível de polémica, precisamente pelo acima exposto - cada pessoa tem o seu modo de encarar a fé.
O motivo de as trazer aqui, agora, está nas palavras de um ATEU que têm dado que falar.
Andei a ponderar se abordaria ou não essa matéria, com algum receio de que, ao fazê-lo, poderia dar importância demais a palavras loucas de quem não sabe do que fala.
Este é um assunto que já me chateia, pois acho que anda meio mundo incomodado com este atrevimento quando, na minha opinião, aquilo que transpira é apenas um monte de preconceitos de um ateu que se arroga em dono da verdade.
Sendo certo que todos temos direito à nossa opinião, ou à nossa crença ou não-crença, e a usar de liberdade de expressão na manifestação do que nos vai na alma, também é verdade que nos devemos saber colocar no nosso lugar e respeitar os lugares dos outros. E devemos tão mais saber fazê-lo quanto maior for o estatuto que a sociedade nos confere. Donde que este ateu deveria, assim, saber ter tento na língua.
Mas quando Caim mata é sempre por insegurança. É sempre por medo da sombra da sua vítima sobre si. Então há que aniquilá-la.
Ele não se contenta em ser grande.
Ele quer ser o maior!
Quão falível é a natureza humana!
E quanto é enorme Deus!
Infinitamente maior do que todo o pecado.
Adenda:
Ler também um texto sobre este assunto em: Crónicas de uma Peregrinação
Para um liberal, cada uma destas vertentes é autónoma e independente, sem que nenhuma delas influencie qualquer outra. Como tal, a religião não influi nas opções de qualquer outra vertente. A fé é do domínio privado e pessoal.
Para um teocrático, todas as vertentes são influenciadas pela religião. Esta envolve e prevalece sobre todas as outras. Cada vertente não tem sentido em si mesma, nem nenhuma tem poder sobre qualquer outra. Todas são dominadas pela vertente religiosa, dependem exclusivamente dela, podendo mesmo ser humilhadas e desprezadas por ela quando levada ao extremo, tendo como resultado o fundamentalismo.
Num cristão, cada vertente tem a sua autonomia e identidade próprias, mas inter-relacionando-se como partes de um todo – de um só corpo. No centro deste corpo encontramos o Amor. Amor de/a Cristo que dinamiza e dá força a todas as vertentes da vida humana, procurando o equilíbrio entre todas. Conforme a sua vida e circunstâncias pessoais, assim cada pessoa encarnará a fé, sempre com Cristo como referência para a sua vida, que lhe dá sentido, a partir do seu interior e não por qualquer imposição externa. Cristo é o centro, a “pedra angular”, o amor que está no centro de tudo.
Um ateu exclui radicalmente a vertente religiosa, aceitando todas as outras. Se alguma das vertentes predominar será para fazer sobressair o ateísmo. O fenómeno religioso é encarado como alienação, estruturas de poder ou superstições, que não humanizam e que, por isso, têm de se eliminar.»
Fui buscar estas linhas a um texto que escrevi há algum tempo, apesar de toda a polémica que gerou, porque quando se aborda o tema religião é sempre passível de polémica, precisamente pelo acima exposto - cada pessoa tem o seu modo de encarar a fé.
O motivo de as trazer aqui, agora, está nas palavras de um ATEU que têm dado que falar.
Andei a ponderar se abordaria ou não essa matéria, com algum receio de que, ao fazê-lo, poderia dar importância demais a palavras loucas de quem não sabe do que fala.
Este é um assunto que já me chateia, pois acho que anda meio mundo incomodado com este atrevimento quando, na minha opinião, aquilo que transpira é apenas um monte de preconceitos de um ateu que se arroga em dono da verdade.
Sendo certo que todos temos direito à nossa opinião, ou à nossa crença ou não-crença, e a usar de liberdade de expressão na manifestação do que nos vai na alma, também é verdade que nos devemos saber colocar no nosso lugar e respeitar os lugares dos outros. E devemos tão mais saber fazê-lo quanto maior for o estatuto que a sociedade nos confere. Donde que este ateu deveria, assim, saber ter tento na língua.
Mas quando Caim mata é sempre por insegurança. É sempre por medo da sombra da sua vítima sobre si. Então há que aniquilá-la.
Ele não se contenta em ser grande.
Ele quer ser o maior!
Quão falível é a natureza humana!
E quanto é enorme Deus!
Infinitamente maior do que todo o pecado.
Adenda:
Ler também um texto sobre este assunto em: Crónicas de uma Peregrinação
12 comentários:
Minha querida; tenho amigos ateus que são a bondade e o amor em pessoa...tenho amigos católicos que também o são e outros nem são e ateus que nem são boas pessoas.Há que separar o trigo do joio, mas não é pelas religiões que se começa, é pelas pessoas e a sua forma de estar na vida e no mundo...
cada um será livre para dizer o que sente e como sente, assim como tu és católica e sentes-te bem em sê-lo...Com a tua idade acho que seria igual a ti, como aminha idade, já sou mais igual a mim... Entendes-me? sem querer meter-me em nada, apenas a dizer-te da minha postura perante a vida e as pessoas e não pelas religiões, porque todas vão dar ao mesmo...
Apenas creio na boa vontade de todos os que forem puros de coração, e para isso nenhuma religião faz falta, desde que haja amor e respeito pelo próximo, está tudo dito...
E, cada um na sua, seria capaz de falar contigo sobre issos em discutir, detesto discussões que não levam a nada, simplesmente porque cada um pensa que a razão lhe assiste...
Assim; não te chateies com quem não está de acordo contigo e, passa à frente, há muita coisa boa em todas as pessoas, só que nem todos querem dar o braço a torcer...Assim; paz, amor e benção do pai, para todos os seres deste mundo terrenal..Abraço da laura..
Eu tenho a minha fé e sigo sempre com ela, mesmo que em alguns momentos eu me abale. Mas sempre retorno com mais força naquilo que eu creio.
Beijos
amiga totalmente de acordo contigo .
cada um tem direito a sua opinião é verdade , mas não tem o direito de troçar , humilhar , e gozar com as crenças das outras pessoas ,pois ele ofendeu todos os cristãos . assim como nós temos que respeitar este senhor , ele também tem que nos respeitar a nós , coisa que não fez com todas as barbaridades que disse a respeito de um livro que se calhar nunca leu ,
por que se tivesse lido a biblia era impossivel dizer tanta burriçe da boca para fora ,
emfim só mostrou a sua ignorançia .
beijinhos amiga , e continua sempre assim , a defender aquilo em que acreditas e a tua fé .
Vim dar uma espreitadela e o que vejo, ou melhor, o que li?
Bem, vou deixar-me embalar pela mensagem da Laura e concordar plenamente.
Voltarei a falar sobre isto.
Já li DUAS VEZES, o Novo e o Velho Testamento.
Não sei se os lerei outra vez, mas posso opinar.
Voltarei ao assunto.
Um bom fim de semana.
minha querida só nas últimas linhas já me "encontro" - quão falível é a natureza humana! e quanto é enorme o amor de Deus!
infinitamente maior que todo o pecado...
que Deus lhes perdoe, já fiz a minha parte...
bom fim de semana
beijinhos
Amigos,
a Tolerância perante as ideias e as crenças das outras pessoas é o caminho que devemos trilhar.
Sejamos pequenos, sejamos grandes, sejamos assim-assim, sejamos até os maiores em qualquer empresa que levemos pela frente, mas assumamos isso com humildade, sem 'matar' nada nem ninguém.
muito obrigada por comentarem.
Bom fim de semana
bjinhs
Minha caríssima amiga:
Fico profundamente lisonjeado com a referência que me fez neste post e num post abaixo.
Quanto a Saramago, nada mais há a dizer, senão citar as palavras imortais de Chesterton:
"O orgulho consiste num homem fazer da sua personalidade o teste com que testa o Mundo... em vez de usar a verdade como o teste. O céptico sente-se demasiado engrandecido para medir a vida pelas coisas mais grandiosas... e, no fim, acaba por medir a vida pela coisa mais pequena que há."
"O cepticismo moderno gosta de se auto-intitular progressista, mas os cépticos são verdadeiramente reaccionários. O cepticismo regride. Tenta derrubar aquilo que já está construído. Em vez de arar novos campos com o seu arado, ele simplesmente destrói o arado."
"Não sinto nenhuma antipatia pelo ateu, porque este é um homem limitado pela sua própria lógica, que o aprisiona numa triste simplificação."
"Se não fosse Deus, não haveria ateus"
Pax Christi
Não me abstenho, apenas rezo!
As minhas palavras são limitadas, a minha visão, a minha sensibilidade é parca... perante os "letrados".
Nada do que eu diga poderá atingir um coração fechado. Posso cansar-me a carregar baldes de água... mas se o depósito onde eu a quero derramar estiver hermeticamente fechado... apenas me canso...
olho aquele depósito, criado para ser repleto de agua... sinto-o vazio, seco e sujo... mas eu nada posso, porque ele se fechou!
Então olho-o, rezo e espero!
Bom fds e beijinhos!
não sei porque razão se deve dar tanta importancia a coisas tão banais.
Quanto ao Sr Saramago o que ele pensa não me importa, o que eu vivo como cristã isso é importante.
Ele é apenas um entre tantos outros ateus...
Meus amigos,
Ser ateu, hoje, parece ser cada vez mais moderno, como se isso desse um elevado estatuto social.
Felizmente que há muitas pessoas que não têm pejo de se afirmar de fé, sem qualquer medo de perder com isso!
Grandes lições que muitos não querem ver.
Abraços
Fá:
De religião eu só sinto que o meu Deus "talvez" encontre um dia, um Deus que "talvez" nos tenha criado o Universo, mas que não se enquadra em nenhum dos Deuses de que tanto ouvimos falar.
O meu sentimento é muito profundo, um sentimento que não pode inventar histórias sobre ELE, e que nos deu uma vida para vivermos e a liberdade enorme de escolhermos como o queremos fazer.
Quantos Deuses têm sido inventados conforme as conveniências dos tempos e a feição dos ventos?...
O que sinto é tão profundo que não pode ser explicado.
Abraço
Maria
Fá,
Este é um tema bem polémico, mas independentemente da fé e da crença de cada um, o importante é sabermos respeitar as ideologia, e mesmo apesar das nossas diferenças sabermos viver em sociedade.
Bjs.
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