segunda-feira, fevereiro 08, 2010

A Parábola dos Sete Vimes

“Era uma vez um pai que tinha sete filhos. Quando estava para morrer, chamou-os todos sete, e disse-lhes assim:
- Filhos, já sei que não posso durar muito; mas antes de morrer, quero que cada um de vós me vá buscar um vime seco e mo traga aqui.
- Eu também? – Perguntou o mais pequeno, que tinha só quatro anos. O mais velho tinha vinte e cinco e era um rapaz muito reforçado e o mais valente da freguesia.
- Tu também - respondeu o pai ao mais pequeno.
Saíram os sete; e daí a pouco tornaram a voltar, trazendo cada um seu vime seco.

O pai pegou no vime que trouxe o filho mais velho e entregou-o ao mais novinho, dizendo-lhe:
- Parte esse vime.
O pequeno partiu o vime, e não lhe custou nada a partir.
Depois, o pai entregou outro ao mesmo filho mais novo e disse-lhe:
- Agora parte também esse..
O pequeno partiu-o; e partiu, um a um, todos os outros, que o pai lhe foi entregando, e não lhe custou nada parti-los todos. Partindo o último, o pai disse outra vez aos filhos:
- Agora ide procurar outro vime e trazei-mo.

Os filhos tornaram a sair e daí a pouco estavam outra vez ao pé do pai, cada um com o seu vime.
- Agora dai-mos cá - disse o pai.
E dos vimes todos fez um feixe, atando-os com um vincelho.
E, voltando-se para o filho mais velho, disse-lhe assim:
- Toma este feixe! Parte-o!
O filho empregou quanta força tinha, mas não foi capaz de partir o feixe.
- Não podes? - perguntou ele ao filho.
- Não, meu pai, não posso.
- E algum de vós é capaz de o partir? Experimentai.

Não foi nenhum capaz de o partir, nem dois juntos, nem três, nem todos juntos.
O pai disse-lhes então:
- Meus filhos, o mais pequenino de vós partiu, sem lhe custar nada, todos os vimes, enquanto os partiu um por um; e o mais velho de vós não pode parti-los todos juntos; nem vós, todos juntos, fostes capazes de partir o feixe. Pois bem, lembrai-vos disto e do que vos vou dizer: enquanto vós todos estiverdes unidos, como irmãos que sois, ninguém zombará de vós, nem vos fará mal, ou vencerá. Mas logo que vos separeis, ou reine entre vós a desunião, facilmente sereis vencidos.
Acabou de dizer isto e morreu – e os filhos foram muito felizes, porque viveram sempre em boa irmandade ajudando-se sempre uns aos outros; e como não houve forças que os desunissem, também nunca houve forças que os vencessem”.
(Trindade Coelho. In: Os meus amores)

O homem é um animal social que só se realiza como pessoa na relação e convivência com os outros. Convivência essa nem sempre fácil e nem pacífica, em que muitos são colocados a um canto e outros preferem isolar-se vivendo só para si e por si.

Esta parábola aponta-nos o caminho a seguir.
Só unidos, em permanente dar as mãos uns aos outros, vivemos verdadeiramente!

17 comentários:

Unknown disse...

É um belo texto. Sei que é difícil na vida pôr em prática tal ensinamento. Mas se cada um de nós fizer a sua parte...Boa noite, amiga. Um beijo. E obrigado

RETIRO do ÉDEN disse...

Gostei muito deste exemplo, mencionado neste excelente texto.
Pessoalmente procuro assim fazer. Mas cada vez se torna mais difícil é como remar contra a maré...os humanos estão egoístas...é cada um por si...e depois torna-se difícil conseguirmos ultrapassar esse obstáculo, cada vez mais instalado em nós.
É preciso acontecerem certas catástrofes para haver partilha e solidariedade...quando isso deveria ser no dia a dia essa onda de solidariedade com tudo e todos.
Forte abraço
Mer

Unknown disse...

Voltei aqui para reler o teu texto e agradecer a tua visita. Relendo o texto, que apela à solidariedade e à junção dos esforços, mais uma vez me veio à mente que em primeiro lugar temos de arrumar a nossa casa, limpá-la, amá-la, para depois estarmos em condiçºões de amar os outros. Claro que isto é dialéctico, não é bem por esta ordem, é tudo junto, eu e os outros, nesta sinfonia da interrelação, sistema aberto, em que me lembro da ideia da alquimia em que nos vamos transformando...Beijinho.

Dulce Gomes disse...

Este texto fez-me recordar o permamente cuidado dos meus pais em unir as três filhas. Hoje, eu e as minhas irmãs quando recordamos os valores que nos incutiram, damos graças por eles nos terem responsabilidado umas pelas outras. Muito bonito este texto.
Um beijinho

Laura disse...

Pois é minha querida, o meu manel por exemplo, trabalha, ams, de resto, mete-se em casa, mal convive mal faz algo por algo, enfim, nós, mulheres já temos mais capacidade para ajudar, procurar chegar a todos, enfim...são maneiras e formas de ser... beijinho da laura

teresa disse...

lindo exemplo amiga fázinha , uma verdadeira lição de vida ..
só a união faz a força , gostei muito de te ler ..

beijinhos ..

tulipa disse...

Quantas e quantas vezes as parábolas nos dão grandes lições de vida!!!

Mostram-nos o caminho a seguir, mas...o ser humano anda tão distraído no seu mundinho pessoal e esquece-se do próximo.

Boa semana.
Beijinho.

rosa dourada/ondina azul disse...

Belo conselho este pai transmite aos seus filhos!


Parabéns!!!


Beijo,

gaivota disse...

esta parábola é excelente! uma autêntica prova de amor e de um grande ensinamento!
beijinhos

Vanuza Pantaleão disse...

"Não há ninguém que seja tão pobre que não possa dar e ninguém que seja tão rico que não possa receber." (Dom Hélder Câmara)

Os feixes acumulam-se e, orgulhosos, não nos unimos para parti-los.

Obrigada, amiga!!!

Å®t Øf £övë disse...

Fá,
A força é a união, é sentirmo-nos só um quando somos um milhão.
Bjo.

Unknown disse...

Vou agora dormir sozinho (é tarde) mas reforçado nos sentimentos da união/unidade/comunhão/comunidade

obrigado

continuo a voltar

Gisele Resende disse...

Gostei muito... muitas vezes nos isolamos por puro hábito. Mas como é preciso essa união e esse caminhar , para nos reconhecermos uns nos outros e com isso percebemos que podemos juntos fazer toda a diferença!,

Beijinhos,

Gisele

legalmente loira... disse...

oi fa,
saudades amiga desculpe estou viajando por conta do carnaval. o seu texto esta fantastisco
sou fã de todos mas este superou total parabéns.
otimo carnaval.
bjos.

Pena disse...

Sublime Amiga:
Um Post delicioso que é um hino à partilha, entreajuda e ao viver em grupo.
Excelente!
Brilhante socialização entre todos que possam abraçar esforços na luta pelo bem comum, que muito bem, o pai dos rapazes fez.
Perfeito, Amiga!
Beijinhos amigos de pureza.
Com admiração e estima constantes.

pena

Bem-Haja, pelo seu sentir profundo e rico.

poetaeusou . . . disse...

*
é,
somos fruto
do meio ambiente
em que estamos inseridos . . .
,
conchinhas
,
*

Maria Lúcia disse...

Fa,
É verdade, sozinhos não somos nada, mas unidos podemos tudo.
Tal como nessa parábola, peço sempre a meus filhos para se manterem unidos pela vida afora.
Beijos.

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