domingo, abril 27, 2025

Domingo da Misericórdia

«Celebramos o 2º domingo de Páscoa, ou de Pascoela. A razão de ser deste nome prende-se com a circunstância de, até este dia, no passado, os novos baptizados andarem com a túnica branca vestida, que tinham recebido na celebração do baptismo, na Vigília Pascal. Por isso, também é chamado de “domingo in albis”, isto é, de branco! Mais recentemente, o Papa São João Paulo II deu-lhe igualmente o nome de “domingo da misericórdia”, em atenção à misericórdia que Cristo teve com o apóstolo Tomé, ao mostrar-lhe as mãos e os pés, com as chagas que Ele recebeu na Cruz. “Porque me viste, acreditaste”, disse-lhe Jesus! “Felizes os que acreditam sem terem visto”, acrescentou, estendendo a todos nós a sua misericórdia.

Para beneficiarmos da felicidade, prometida por Jesus, deveremos viver profundamente o sentido do nosso baptismo. O baptismo não é uma coisa que se vem buscar à Igreja, mas um estilo de vida, a assumir. Oxalá o estejamos a viver, como nos propõe a Eucaristia deste domingo. Além disso, é um contributo indispensável para entender o próprio sentido da catequese que, ou é vivida como iniciação cristã, ou não é verdadeira catequese. Para isso, devemos fixar-nos no sentido da oração de colecta, feita no início da Eucaristia de hoje, para descobrir o valor dos três sacramentos de iniciação cristã. Por outro lado, torna-se necessário aprofundar que todos os domingos do tempo pascal são domingos de Páscoa, e não depois da Páscoa.

"Deus de eterna misericórdia, que reanimais a fé do vosso povo na celebração anual das festas pascais, aumentai em nós os dons da vossa graça, para compreendermos melhor as riquezas inesgotáveis do Batismo com que fomos purificados, do Espírito em que fomos renovados e do Sangue com que fomos redimidos. Por NSJC…" (Oração de colecta do Domingo II da Páscoa)

Primeiro invoca-se o Deus da misericórdia. Depois pede-se a renovação da fé pascal, para que se aumente e cresça a vida da graça. Assim se aprofunda a riqueza inesgotável do Baptismo, pela renovação do Crisma, e com a vida que a Eucaristia alimenta. Então se descobre que todos necessitamos desta iniciação cristã, e que sem ela não se entende a catequese.

"Meu Senhor e meu Deus" (Evangelho: Jo 20, 19-31)

Na celebração da Eucaristia, em algumas comunidades, ouve-se esta expressão, rezada em voz alta, por parte de muitos membros da assembleia, com a elevação, após a consagração. Contudo, se se rezar, que seja em silêncio, e como intimidade pessoal adorante. Mas importa rezá-la muitas vezes, ao longo da semana, e descobrir a sua presença na comunidade.»

(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o II Domingo de Páscoa e segunda semana da Páscoa, ano C)

domingo, abril 20, 2025

Santa Páscoa!

«Este é o dia que fez o Senhor! 

Se domingo vem de Dominus (Senhor), então o domingo da Ressurreição é o que dá sentido a todos os domingos e à Eucaristia, na comunidade, para o encontro com o Senhor Ressuscitado e com os irmãos. É assim que participamos na sua Ressurreição, e somos vivificados. Deste modo, a ressurreição de Cristo transforma também o Corpo, que somos nós, e comunica o seu Espírito, e a sua paz, à Igreja. Quem não participa, deixa de receber esta luz, esta graça e esta vida.

Hoje é a festa das festas, o dia dos dias! Porque é Páscoa (passagem), faz-nos descobrir que estamos em caminhada, inundados de alegria e de esperança, porque é o começo duma nova criação!

A Páscoa faz-nos descobrir o sentido do nosso baptismo, participando na morte e na ressurreição de Cristo, para o caminho numa vida nova. A vigília pascal, da noite anterior, é essa grande vivência. Cristo esteve morto e ressuscitou, para oferecer essa vida, a quem experimenta pela fé uma vida em Cristo. A ressurreição de Jesus oferece-nos uma vida em plenitude, feita dom de amor e de serviço. Não queiramos, pois, ficar na mediocridade, duma vida superficial e apenas sustentada pelas coisas passageiras e vazias. Tentemos perceber o testemunho dos primeiros discípulos, como nos anuncia a primeira leitura da Eucaristia da Ressurreição, e interroga-te se, na verdade, participas deste dinamismo, como nos pede o texto da Epístola aos Colossenses, que escutámos em segundo lugar. Mas, depois, procura entender como a descoberta do túmulo vazio foi o início para uma transformação autêntica, na vida das primeiras testemunhas.

Senhor Deus do universo, que neste dia, pelo vosso Filho Unigénito, vencedor da morte, nos abristes as portas da eternidade, concedei-nos que, celebrando a solenidade da ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida.  (Oração de Coleta do Domingo da Ressurreição)

Repara no que esta oração apresenta! Cristo esteve morto e ressuscitou, passados três dias. Por isso, o céu desce à terra, e abre a porta da eternidade. A ressurreição de Jesus é o primeiro passo, que nos permite ressuscitar, e começar a viver o céu, na terra, com uma vida plena! 

"Viu e acreditou" (Evangelho: Jo 20, 1-9)

O discípulo amado viu o sepulcro vazio, e as coisas todas em ordem. A ausência do corpo morto de Jesus fê-lo dar um passo em frente na fé. Por isso, acreditou! Cada um de nós busque os sinais da ressurreição de Jesus.

Aleluia! »

(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o Domingo de Páscoa e primeira semana da Páscoa)


sábado, abril 19, 2025

Silêncio e Solidão

«Uma antiga homilia do Século IV nos diz sobre o Sábado Santo

“Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.”

Eis o Sábado Santo que é o dia do escondimento de Deus, nos dizia Bento XVI. 
Não há celebrações, pois este dia é “alitúrgico”, contudo há de guardar um grande silêncio, recolhimento, meditação, perdão e reconciliação que desemboca na Grande Vigília Pascal,a mãe de todas as vigílias. 
A Vigília Pascal se inicia com a celebração da luz, que contém três partes: a bênção do fogo, a procissão do círio pascal e a proclamação da Páscoa.

Neste dia também nos unimos à Santíssima VIrgem Maria, que guardava todas as coisas em silêncio no seu coração, na feliz esperança da ressurreição do seu Filho Jesus.»

terça-feira, abril 15, 2025

Boa Semana Santa!

 «Iniciamos a semana maior da nossa fé, como é tradicionalmente conhecida. Que ela seja a mais bela expressão da vida cristã para todos! 

E se ser cristão é ser outro Cristo, queremos aproveitar este dom para corresponder ao último passo da caminhada para a vida nova que o Senhor nos oferece. 

O domingo de Ramos da Paixão do Senhor é assinalado por duas facetas: em primeiro lugar a bênção dos ramos, para celebrar a entrada solene de Jesus em Jerusalém, e depois a experiência de Deus que, por amor, Se fez um de nós, para servir, dar a vida, e libertar-nos da escravidão e do egoísmo.

Na liturgia da Palavra, somos convidados a ser discípulos, seguindo o Mestre, Ele que, sendo de condição divina, assumiu ser humilde e servidor, para que Deus O exaltasse como Senhor e Redentor. Com centralidade no relato da Paixão do Senhor, deixemo-nos interpelar pelo sentido da vida plena, com o exemplo do Senhor na entrega incondicional, feita dom de amor total.

Com as duas dimensões, tão contrastantes, que a celebração do domingo de Ramos nos apresenta, queremos unir-nos indissociavelmente à manifestação gloriosa e redentora de Jesus Cristo. Não é por acaso que normalmente é uma das celebrações mais concorridas na participação dos fiéis. Que a nossa vivência não se fique limitada na busca duma bênção, separada do mistério íntegro e profundo da fé, mas procure expressar o seguimento do caminho, que Jesus Cristo propõe a todos os que querem ser seus discípulos. É assim que a Paixão do Senhor continua na vida da Igreja, a beneficiar todos os que querem completar na sua vida o que falta à Paixão de Cristo. Deixemo-nos libertar e salvar!

"Deus eterno e omnipotente, que, para dar aos homens o exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e padecesse o suplício da cruz, fazei que sigamos os ensinamentos da sua paixão, para merecermos tomar parte na glória da sua ressurreição." (Oração de colecta no Domingo de Ramos na Paixão do Senhor)

 A incarnação de Jesus foi autêntica, assumindo ser um de nós, com os pés na terra (húmus), e não em bicos de pés, como fazem muitos, e, como homem livre, suportou a cruz, por amor, para nos libertar de todas as amarras e escravidões. É assim que nos propõe um caminho de serviço e de doação, para poder atingir a plenitude da glória na ressurreição. Sigamos o seu exemplo e peçamos a sua graça, para termos força de seguir o seu caminho! Não há Cristo sem cruz, e só poderemos ser cristãos se O seguirmos em verdade, com a nossa cruz!

“Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Evangelho: Lc 22, 14-23, 53)

A entrega amorosa de Jesus ao Pai é fonte que convida a mergulharmos na vida divina, com que fomos presenteados na graça do baptismo. Filhos de Deus, e seguidores de Jesus, continuamos a doação da vida a Deus e aos irmãos. Sem reservas, nem medos! Sem mentira e sem fingimento! No momento supremo da sua vida, Jesus rezou um salmo.

A nossa oração, unidos a Jesus, manifesta a história do nosso amor. É a respiração da nossa alma, até ao último momento, numa entrega total a Deus!»

(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o Domingo de Ramos e Semana Santa)


sexta-feira, abril 11, 2025

Uma certeza nos guia...


A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina antes da Páscoa.

É um tempo (quadragésima) de 40 dias de preparação para a Páscoa da Ressurreição de Jesus.

Mas qual é o dia certo em que termina?

Algumas pesquisas: 

1.  "Começa em Quarta-Feira de Cinzas e termina pela tarde de Quinta-Feira Santa": (Portal Ecclesia - Quaresma- Secretariado Nacional de Liturgia)

 2. "Começa na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa": (A Quaresma, caminhada para a Páscoa - Paroquia PACO de ARCOS)

 3. "Começa na quarta-feira de Cinzas e termina no sábado de Aleluia": (Afinal, o que é a Quaresma? - Alvorada On-Line * Jornal Lourinhã)

 4. "Começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos": (Tempo da Quaresma - Paróquia Rosa Mística)

 5. "Começa com a Quarta-Feira de Cinzas e termina com o Domingo de Páscoa": (entramos na quaresma e veja o seu significado - portucália - Sapo)

Qual é a Resposta Certa: 1; 2; 3; 4; ou 5?

...

Mas uma certeza nos guia: Jesus Cristo Vive.
Ressuscitou no Domingo de Páscoa, como havia dito. Porque "se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé". (1Cor.15,14.17)

Jesus Cristo está Vivo entre nós.


Desejo a todos uma feliz e santa Páscoa, na alegria de Jesus Ressuscitado.


Adenda
Comentário do p. José António Carneiro com a resposta correcta: «a Quaresma começa com as cinzas e termina na Quinta feira santa, antes da Missa da Ceia do Senhor e depois da Missa Crismal que o bispo preside e na qual concelebra o clero diocesano e na qual benze os óleos... Nao sei se acaba às 12h ou às 17h... Mas isso é o menos importante... Com a missa da Ceia do Senhor começa o Tríduo Pascal que já nao é Quaresma.

A Carta apostólica de Paulo VI, aprovando as Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano geral, diz, no n. 28: "O tempo da Quaresma vai de Quarta-feira de Cinzas até a Missa na Ceia do Senhor (Quinta-feira santa, à tarde), exclusive".»

segunda-feira, abril 07, 2025

É Preciso Renascer

«Estando a duas semanas do termo da caminhada quaresmal, com a Páscoa, o que melhor lhes posso desejar será que a Quaresma tenha um bom fim. E tê-lo-á se soubermos aproveitar bem este tempo de graça. Para isso, recordo a importância fundamental de celebrar o sacramento da Confissão. 

Lembrando a parábola do filho pródigo, do passado domingo, oxalá que cada um se reveja no filho mais novo, que teve a coragem de considerar os erros que tomou, ao afastar-se do amor do pai com uma vida dissoluta, regressando para pedir perdão: “Pai, pequei contra o céu e contra ti”, éramos convidados a rezar ao longo da semana. 

Agora, somos desafiados a não ficar no comodismo, e no desleixo da escravidão do pecado, como o presunçoso filho mais velho, mas, aspirando à vida nova baptismal, que na Páscoa somos chamados a viver, celebremos a Reconciliação!

Começámos esta partilha de hoje, lembrando o sacramento da Confissão, mas agora vamos de novo abordar a vivência eucarística, uma vez que ela é central na vida cristã. Aliás, estes dois sacramentos têm uma ligação profunda, para uma participação plena e autêntica. Se, por um lado, vamos buscar o remédio para o pecado, por outro, somos alimentados para crescer na vida nova em Cristo, que no Baptismo nos foi transmitida. 
Ninguém cresce, e se fortalece, sem se alimentar. A Eucaristia deste domingo volta a propor-nos a experiência do amor de Deus, que acompanha o nosso caminho, para a liberdade que Jesus Cristo nos oferece, convidando a fazer escolhas, ”para ganhar a Cristo, e n’Ele me encontrar”, como refere a segunda leitura.

Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de viver com alegria o mesmo espírito de caridade, que levou o vosso Filho a entregar-se à morte pela salvação dos homens. (Oração de colecta do V Domingo da Quaresma)

Porque aspiramos à felicidade e realização plena que, por nós, pelos valores da sociedade, com os avanças da ciência, nos caminhos do mundo, não conseguimos; No amor de Deus, por Jesus Cristo, essa oferta está ao nosso alcance. 
O dom do amor, que experimentamos no Senhor, não condena, mas liberta, e permite progredir no caminho da plenitude. Por isso, não olhamos para trás, não ficaremos amarrados à vida velha, e a libertação estará sempre no nosso horizonte, em Cristo. O seu amor nos estimula, pois não há maior amor do que dar a vida por quem se ama.

"Vai, e não voltes a pecar" (Evangelho: Jo. 8, 1-11)

O encontro com Cristo liberta e salva. A vida adquire novo sentido, pelo perdão de Deus, pelo amor em Cristo, pelo corte das amarras, pelo dom que nos é oferecido. 

Em Cristo, somos novas criaturas; alcançados por Ele, caminhamos na liberdade, não querendo mais ser escravos, mas progredindo para a meta, que começa já a aparecer.

Que bom é conhecer Cristo e a sua libertação! 

Jesus: tu me devolves a vida. É em Ti, e para Ti, que eu quero viver!»

(Pe.Armando Duarte, partilha/reflexão para o IV domingo da Quaresma ano C, e semana que se segue)

«somos chamados a largar as pedras.
A abrir as mãos, a abrir o coração.
O perdão não apaga o passado, mas liberta o futuro.
Acolher em vez de ferir.
Erguer em vez de esmagar.
Recomeçar, porque o amor sempre nos dá uma nova oportunidade.
Quem perdoa, renasce.
E quem renasce, ilumina o mundo.»
Nem Julgar, Nem Temer — Acolher (padre João Torres)



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