"O Juízo final em versão light"

A propósito do Evangelho de hoje (Mt. 25, 31 - 46), um texto, com alguma ironia, para reflexão:

«No fim do mundo, o Juiz reunirá todos os que acreditaram nele, e há-de dividi-los em quatro grupos - ovelhas, cabras, cabritos e cordeiros.

À sua frente colocará as ovelhas:
aqueles que rezaram com fervor
aqueles que falaram dele com fervor
aqueles que fizeram jejuns por ele
aqueles que lhe cantaram.

E dir-lhes-á, naturalmente:
“Vinde benditos, recebei o meu Reino como herança.
É verdade que eu tive fome e sede
e vocês não fizeram nada,
mas isso também não era responsabilidade vossa:
Era responsabilidade das vossas organizações de caridade e acção social!
Não podeis ser condenados pelos trabalhos dos outros.”

Atrás de si ficam as cabras,
aqueles que não fizeram nada, que simplesmente se deixaram ir no rebanho…

E dir-lhes-á:
“Vinde benditos, recebei o meu Reino como herança.
É verdade que eu tive fome e sede
e vocês não fizeram nada,
mas foi porque estáveis distraídos com outras coisas!
E além disso, com quem mais poderia eu mostrar a minha misericórdia?”

À sua esquerda colocará os cabritos:
aqueles que fizeram parte dos grupos sócio-caritativos,
das conferências vicentinas,
das mesas das misericórdias e de IPSSs,
dos governos e das câmaras municipais e juntas de freguesia,
os que foram assistentes sociais,
os que andaram pela Cruz Vermelha
e por algumas ordens religiosas.

À sua direita colocará os cordeiros:
exactamente os mesmos do grupo dos cabritos,
com a diferença de que estes cumpriram bem o seu papel,
enquanto que os do grupo dos cabritos nem sempre o conseguiram fazer.

E dirá aos cabritos:
“Afastai-vos de mim,
Vós que tínheis a obrigação de cuidar de mim
na pessoa dos pobres
e tantas vezes não o fizestes”.

Depois dirá aos cordeiros
(se tiver sobrado alguém para este grupo):
“Apenas fizestes o que devíeis fazer,
nada mais do que a vossa obrigação.
Apesar disso, entrai,
Para que não se diga que eu não sou justo.”

Assim, reza esta versão do Juízo final,
que o modo mais seguro de alcançar o céu
é fugir de todo o compromisso social e caritativo…»

(Carlos Neves, in: Na Peugada do Bom Samaritano, Temas de Reflexão 2002/2003, Cáritas Diocesana de Coimbra)

O Senhor diz: "Eu tive fome... eu tive sede..." na pessoa daquele que estava ao pé de ti.
Viste-o e deste-lhe de comer e de beber?

Quantas vezes a resposta não será deste género?:
- Onde, onde? Não vi... não vi nada, não sei de nada... Mas isso não era problema meu! Para isso estavam lá os outros a quem isso competia...

E quantas fomes e sedes (de muitas qualidades) assim vão matando o nosso próximo, porque não vimos nada, ninguém vê nada... é tudo da competência dos outros.

9 comentários:

Madeleine K disse...

Puxa...É verdade...Quanta fome de toda espécie no mundo...Quanta pobreza de tantas formas estampada a nossa frente...E quanta fuga do essencial nas nossas almas...Belíssimo texto!Deus lhe abençoe e guarde!Bjkas!

Salto-Alto disse...

É bem verdade... Pior é quando não vemos porque simplesmente não queremos ver...

Nilson Barcelli disse...

Tenho alguma dificuldade em comentar um post destes...
Principalmente porque um comentário sério seria bem maior que o próprio texto.
Mas sempre te digo que prefiro as pessoas boas às boas pessoas.
E eu incluo-te no grupo das pessoas boas...
Beijinhos.

Maristella Padão disse...

Muita linda reflexão.
Passando para desejar muitas alegrias, paz, amor, felicidades.
Obrigada pelo carinho de sempre e por existir neste maravilhoso mundo.
Talvez não tenha a noção da sua palavra de vida na minha vida....foi inspiração, mas desde que a recebi, não fui a mesma, algo mudou na alma, talvez tenha me libertado da lembrança, de fato.
Beijos carinhosos. mari!

gaivota disse...

a verdade no dia do final em que todos teremos que ser confrontados
é bom pensar nisto e viver com dignidade para com todos
beijinhos

Peter Pan disse...

Doce e Simpática Amiga:
Um texto que dá para pensar...
Uma mensagem Envangélica vista "in light"...
Quando diz:
"..."O Juízo final em versão light"
A propósito do Evangelho de hoje (Mt. 25, 31 - 46), um texto, com alguma ironia, para reflexão:
«No fim do mundo, o Juiz reunirá todos os que acreditaram nele, e há-de dividi-los em quatro grupos - ovelhas, cabras, cabritos e cordeiros.
À sua frente colocará as ovelhas:
aqueles que rezaram com fervor
aqueles que falaram dele com fervor
aqueles que fizeram jejuns por ele
aqueles que lhe cantaram..."

Creio que entendi a mensagem...
Sinceramnte, não sei em que grupo ente os quatro, me incluiria, mas tudo faço para apurar a beleza e pureza das pessoas e, essa é uma realidade em si.
Grato por existir...
Beijinhos de respeito, estima e admiração.
Sempre a considerá-la

peter pan

Isabela disse...

Olá Fa menor! Muito obrigada pela visita e pelo comentário!

Fico muitooo feliz por poder contribuir, por ter ajudado numa reflexão! E que bom é saber!

Aprendizagem continua, com tudo e todos!

Que belo e importante este post!
Nós somos totalmente responsáveis por tudo o que fazemos e pelo que não fazemos!

Beijinhossss e obrigada!

Mi disse...

Todos se desresponsabilizam, ninguém pensa que "cada um faz a sua parte independentemente da dos outros"...

Boa semana!

Ver para crer disse...

Não há dúvidas que o comodismo nos afasta de Deus e dos irmãos.
Por isso aí está a sentença que receberemos no fim desta vida no mundo.

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