segunda-feira, setembro 22, 2025

Não se trata de ter ou não ter, mas de partilhar ou não partilhar

«Graça e paz vos sejam dadas em abundância!

Hoje apresento a saudação das cartas de S. Pedro. Facilmente descobrem que esta é também uma pedagogia, para vos convidar a abrir regularmente a Bíblia, porque nela está um alimento de vida eterna. Recordem o que Jesus disse: “Nem só de pão vive o homem, mas…”

Vivemos o XXV Domingo comum, em que a Palavra de Deus nos sugere uma reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida. De acordo com a mensagem que nos é proposta, os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do "Reino".


"Senhor, que fizestes consistir a plenitude da lei no vosso amor e no amor do próximo, dai-nos a graça de cumprirmos este duplo mandamento, para alcançarmos a vida eterna. Por NSJC..." (Oração de colecta do XXV Domingo comum)

O amor, para ser verdadeiro, deve ser a Deus e aos outros. A graça, que hoje pedimos a Deus, é de não ficarmos com um coração estreito e velho! Mas que seja grande e novo, para termos a vida eterna. Demo-nos conta que hoje muita gente não acredita na vida eterna, e só pensa neste mundo. Por isso, que Ele nos permita alargar a estreiteza dos horizontes deste mundo!

O Evangelho apresenta a parábola do administrador astuto. Nela, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo eram caducos e precários e que os usou para assegurar valores mais duradouros e consistentes... Jesus avisa os seus discípulos para fazerem o mesmo.


"Não podeis servir a Deus e ao dinheiro." (Evangelho: Lc. 16, 1-13)

 

Com uma história que apresenta contornos de caso real, tirado da vida, Jesus instrui os discípulos acerca da forma como se hão-de situar face aos bens deste mundo. Ser-nos-á muito útil rezar ao longo da semana esta Palavra. O dinheiro pode ser um ídolo, um falso deus, que queremos evitar.
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XXV Domingo comum ano C e semana que se lhe segue)


Ver também:

segunda-feira, setembro 08, 2025

Acompanhantes ou seguidores?

«A todos, a graça e a paz de Cristo!

Não sei se algum dos meus amigos teve a curiosidade de verificar como S. Paulo, normalmente, começa e termina as suas cartas, com saudações cristãs. Para vos ajudar, optei hoje por fazer uma dessas saudações. E assim quero desejar-vos o que há de mais belo e profundo na vida cristã.

Começámos o mês de Setembro, e vivemos o XXIII Domingo Comum, cuja liturgia nos convida a tomar consciência de quanto é exigente a dinâmica do "Reino". Realmente, optar pelo "Reino" não é escolher um caminho de facilidade, mas de verdade, e assim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida. O Evangelho traça as coordenadas do "caminho do discípulo": nele, o "Reino" deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os próprios interesses e esquemas pessoais. Jesus não admite meios-termos. É uma aventura a tempo inteiro, sem hesitações e “meias tintas”! Para isso, é preciso tomar uma decisão, para encontrar a verdadeira felicidade, como lembra a primeira leitura, e o amor é o valor fundamental, lembra a segunda.

 

"Senhor nosso Deus, que nos enviastes o Salvador e nos fizestes vossos filhos adoptivos, atendei com paternal bondade as nossas súplicas e concedei que, pela nossa fé em Cristo, alcancemos a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por NSJC…" (Oração de colecta do XXIII Domingo comum)

Antes de mais, esta oração lembra-nos que somos baptizados e discípulos de Cristo, para que vivamos como filhos de Deus. Assim suplicamos, com fé em Cristo, a graça de sermos livres, para alcançar a felicidade eterna.

 

"Quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo".    (Evangelho: Lc. 14, 25-33)

 

Os bens materiais podem tornar-se o deus da nossa vida. Por isso não nos podemos deixar escravizar por eles. Precisamos de força interior para escolher Jesus, e os valores que nos propõe, para nos tornarmos verdadeiros discípulos. Muitos não são capazes de ir além de “tirar” umas tantas comunhões, mas sem sentido nenhum. É preciso esta relação pessoal com Cristo, e o Reino. Daí a proposta a rezarmos esta Palavra.» 
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XXIII Domingo comum ano C e semana que se lhe segue)


«Viajar com alguém não é sinal de segui-Lo,
[segui-lo] é aderir ao seu projecto, identificar-se com Ele.
(...)
[Jesus] aproveita para fixar as linhas que distinguem acompanhantes de seguidores.
Não basta simplesmente acompanhar Jesus.

É necessário:
Dispor de si; ou seja, deixar de viver apenas para o “eu”.
Dispor dos seus; não é ignorar a sua família… esses laços são bons, mas não devem ser entraves.
Dispor do que é seu, dos bens; não é deitar tudo a perder. É querer fazer estrada sem cargas desnecessárias.
(...)
Jesus não quer alguém sem amor na vida,
sovina de afectos ou que julga amar o céu porque não ama ninguém sobre a terra.
JESUS QUER ALGUÉM QUE CONFIE N’ELE.
Se não o conheceres, não o amarás; mas se chegares a conhecê-Lo, nunca O abandonarás.»
Padre João Torres

sábado, agosto 30, 2025

Nos valores do Reino

«Shalom!

Será bom saber que shalom, em hebraico, significa paz! É uma saudação claramente bíblica. 
Além de saudar, quero desejar-vos essa paz que só o Senhor pode dar. E que permaneça sempre convosco! Para que tal aconteça, deveremos vivê-la com verdade, no mais profundo do nosso ser. Por isso, numa paz com Deus, com os outros, com a natureza, connosco mesmos. Além disso, seremos bem-aventurados (felizes), se formos construtores da paz!

Este é um dos muitos valores que devemos evidenciar no testemunho da nossa vida e do empenho duma fé comprometida. São os valores do Reino, que o Evangelho nos convida a descobrir, como a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado. Mas só na regularidade duma vivência cristã podemos fazer essa descoberta, para dar o maior sentido à nossa vida.

 

Vamos avançando na caminhada do ano litúrgico, com o XXII Domingo comum. 
Como sempre, procuramos alimentar-nos da Palavra de Deus, para que ela nos leve a experimentar a aliança de amor com o Senhor e as atitudes coerentes com a vivência da fé. Para termos êxito e sermos felizes, procuremos adquirir a sabedoria que ela nos inspira, particularmente no espírito de humildade. Assim aconselha a primeira leitura. 
Tentados à instalação numa fé cómoda e pouco exigente, procuremos redescobrir a essência do cristianismo: uma experiência de comunhão verdadeira com Deus, na vivência comunitária. É o que nos propõe a segunda leitura. 
Com o Evangelho, somos convidados ao banquete do Reino, com atitude de humildade, e sem espírito de superioridade, em relação aos outros.

 

"Deus do universo, de quem procede todo o dom perfeito, infundi em nossos corações o amor do vosso nome e, estreitando a nossa união convosco, dai vida ao que em nós é bom e protegei com solicitude esta vida nova. Por NSJC…" (Oração de colecta do XXII Domingo comum)

 

Porque o Senhor é a fonte duma vida em plenitude, invocamos os seus dons, para realizar o que há de melhor em nós, e crescermos na vida nova, estreitando a relação com Cristo.

 

"Quem se exalta será humilhado e que se humilha será exaltado."   (Evangelho: Lc. 14, 1.7-14)

 

Na humildade e na verdade, agradeçamos o amor que Deus nos tem, ao dar-nos a alegria de participar na Eucaristia, verdadeira boda do Reino. Na gratuidade desse amor, preparemo-nos para o banquete da glória, na ressurreição final. Mas é já antecipação e realização, hoje, na vida da comunidade. O convite é universal, mas só quem o acolhe beneficia, e será feliz!»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XXII Domingo comum ano C e semana que se lhe segue)

«somos todos de barro.
Somos terra.
E somos chamados a ser o lugar feliz onde o outro se possa encontrar.

À mesa, Jesus não fala de etiquetas, nem de lugares de honra.
Ele propõe os valores do Reino.
E no banquete da vida não basta dar e receber generosamente: é preciso acolher com gratuidade aqueles que nada podem oferecer em troca.

No Reino de Deus, todos têm lugar.
Seja qual for a origem, a crença ou a história de vida.
Ali não valem privilégios, nem méritos exclusivos, nem dignidades adquiridas.
Ali só conta a bondade, a humildade, a hospitalidade.

Por isso, não procuremos “ter um lugar”...
Sejamos antes um lugar para os outros.
Aberto, disponível, gratuito.
Um espaço de vida, de encontro e de amor.

Porque o Banquete da Vida não é troca de favores,
mas dom gratuito.»

sábado, agosto 23, 2025

A salvação é oferecida a todos…

mas a entrada não é automática.


«Saúdo a todos com amizade! 

Quando nos saudamos, estamos a desejar e a transmitir aos outros a salvação de Deus. Por isso, o povo interiorizou na sua cultura, que não se nega a “salva” a ninguém. Se nos cruzamos com alguém, e lhe dizemos “bom dia”, é a forma mais breve de dizer “bom dia nos dê Deus”, como faziam os nossos antepassados. Mas usavam-se outras saudações, com sentido cristão, como me recordo a que fazia um morador, no meu lugar de infância e naturalidade: “louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”. Por isso, saudar alguém é transmitir-lhe a salvação de Deus. 
Mesmo longe, a saúde e a salvação para todos! 

 Vivemos o XXI Domingo comum, em que a liturgia da Palavra nos oferece também a salvação de Deus. É um dom, para todos sem excepção, mas importa cooperar com a iniciativa divina, de modo a experimentar a salvação, porque esta tem que ser vivida. E para isso, ela deve sentir-se no nosso coração. O bom Deus oferece-a, mas cada um precisa de se afeiçoar, para a acolher, e deixar transformar o mais profundo de si mesmo. É este o mistério do Reino, o mundo novo, que Jesus nos oferece, levando à vida plena, à felicidade verdadeira e total.

Deus trata-nos como filhos, assim nos lembra a segunda leitura, e por isso não nos extraviemos do caminho que nos leva a experimentar o Seu amor, sem desânimo, e deixando-nos corrigir, para que sejamos curados e salvos.


   

 "Senhor Deus, que unis o coração dos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para que, no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações, onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por NSJC…" (Oração de colecta do XXI Domingo comum)

 

Tenhamos cuidado, e não nos distraiamos e desviemos. Que o nosso coração mergulhe na fonte, que permite a realização do que há de mais belo e profundo, em Deus. Só assim experimentaremos a verdadeira alegria, felicidade e realização plena!

 

"Esforçai-vos por entrar pela porta estreita" (Evangelho: Lc. 13, 22-30)

 

Numa casa, a porta estreita dá acesso à intimidade do lar. Em paralelo, a porta larga é por onde se estabelece o comércio, a relação do negócio… 
Queremos passar pela porta que leva à relação pessoal, de comunhão. É pela oração, na intimidade com Deus, com Cristo, que encontramos o caminho, para experimentar o Reino e a vida plena, que Ele nos oferece.

 

D. Manuel Pelino, sobre a porta estreita:
“E esclarece que, para se salvar, não basta dizer que se é membro da Igreja ou que pratica alguns ritos e até ouviu algumas prédicas. Importante é passar pela porta estreita. Ora Jesus afirmou-se como a “verdadeira porta” que nos introduz na luz e no amor de Deus”. Por isso devemos interrogar-nos se estamos a procurar passar, pela porta que leva à intimidade com Jesus, ao encontro com Ele na Eucaristia e na oração, à experiência de vida comunitária"»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XXI Domingo comum ano C e semana que se lhe segue)

«Quantas vezes na vida… 
temos de passar por lugares estreitos.
(...)
e percebemos que nem tudo cabe pela porta. 
O supérfluo fica para trás. 
Só o essencial entra connosco. 

Assim é o Evangelho de hoje. 
Jesus não ameaça… convida.
A porta estreita é o caminho do coração livre. 
Não entram máscaras, nem orgulhos. 
Só passa quem ama. 
Quem perdoa. 
Quem partilha. 
Quem permanece fiel.

A salvação é oferecida a todos… 
mas a entrada não é automática. 
Não basta estar perto. 
É preciso deixar-se transformar. 
Não basta conhecer o Nome… 
é preciso conhecer o Rosto.

A porta estreita educa o coração.
Às vezes dói. 
Às vezes exige deixar cair o excesso. 
Mas abre para a verdadeira liberdade. 

E hoje, diante desta porta, 
a pergunta é simples e decisiva: 
Que pesos ainda carrego? 
O egoísmo? O medo? As falsas seguranças? 

Só o coração leve… 
entra na plenitude da Vida.»

sábado, agosto 16, 2025

Com fogo no coração

«Vamos avançando neste tempo de férias e, por um lado, me alegro pelo que elas proporcionam, com repouso e recuperação de forças, mas por outro, não deixo de lamentar que muitos não sejam capazes de mudar os “registos”, e terem a capacidade de perceber que a fé tem que ser alimentada, e por isso se torna imperativo a participação regular na Eucaristia, na vida sacramental, comunitária e na oração. Apesar de tudo, felizmente, há sempre crianças e adolescentes, que são regulares à Eucaristia, o que é sinal de estes entenderem e progredirem! Bendito seja Deus!

 A este respeito cito o Papa Francisco, que deixou conselhos para as pessoas que se encontram a gozar férias, no Verão, recomendando que encontrem tempo para a oração e a partilha. Assim se exprimiu: “Desejo que o período de férias seja para vós um tempo de descanso e também uma oportunidade para reavivar os laços com Deus e os homens. Não descureis a oração diária, a participação na Eucaristia dominical e a partilha do tempo com os outros”, referiu. Melhores palavras, e com toda a credibilidade, não pode haver! Vive-as!

 

Estamos no XX Domingo comum; e recordo o dia 15 – a solenidade da Assunção de Nossa Senhora –, num quadro fundamental para a nossa fé, também um convite à participação na Eucaristia e a conhecer o sentido da nossa caminhada para o céu! 
Neste domingo, Deus convida-nos a um compromisso, corajoso e coerente, com a construção do "novo céu" e da "nova terra". É essa a nossa missão profética. E Jesus está ansioso para que se realize! Oxalá que eu e tu o entendamos!

"Deus de bondade infinita, que preparastes bens invisíveis para aqueles que Vos amam, infundi em nós o vosso amor, para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, alcancemos as vossas promessas que excedem todo o desejo. Por NSJC…" (Oração de colecta do XX Domingo comum) 


Deus ama a todos, sem fazer acepção de pessoas, mas aqueles que procuram corresponder-lhe, “em tudo e acima de tudo”, acolhem graças, acima do que podem imaginar. Amemo-lO!


"Eu vim trazer o fogo à terra…"  (Evangelho: Lc. 12, 49-53)


Peçamos o fogo do Espírito Santo, que queime as nossas amarras, que nos renove e nos dê um coração novo! O Espírito vem rezar em nós.»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XX Domingo comum ano C e semana que se lhe segue) 


"Hoje, o Evangelho confronta-nos com a realidade da decisão:

«Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão. » (Evangelho: Lc. 12, 49-53)

Jesus não veio trazer neutralidade. 
Ele chama-nos a optar, escolher, decidir. Não podemos segui-lo “a meio gás” – ouvi-lo hoje e esquecer amanhã. Ele exige uma escolha clara: por Ele ou contra Ele.

Não há lugar para meias medidas, para uma paz que não confronta:
que não contesta por medo;
que não discute para não perder o lugar;
que não denuncia por comodismo;
que não se afirma por vergonha.

Precisamos de pessoas decididas, com fogo no coração, capazes de incendiar o mundo e a paróquia com a novidade do Evangelho. Sem esse fogo, seguir Jesus é impossível.

Decidir é o menos fácil… mas só assim podemos viver uma fé autêntica, transformadora, que não se conforma com a indiferença ou com um cristianismo diluído em tradições vazias."

segunda-feira, agosto 11, 2025

“onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração”

«Aqui estamos de novo, na continuidade da união que temos no Senhor, uns com os outros, como fruto da vivência eucarística. Na nossa pequenez cósmica, experimentamos uma dimensão infinitamente superior quando correspondemos ao dinamismo da fé, que nos projecta na caminhada de encontro com Deus. Não queremos estar apáticos e adormecidos, mas atentos ao compromisso de sermos discípulos de Jesus Cristo, numa vigilância activa da fé, que leva ao encontro dos bens e das realidades que não se vêem, como nos lembra a segunda leitura da Eucaristia deste domingo.

Temos a alegria de viver o XIX Domingo comum. 
A Palavra de Deus convida-nos a acolher o Senhor, para escutar os seus apelos e construir o Reino, “chamando-nos”, refere a primeira leitura. 
A Epístola aos Hebreus convida à experiência da fé, como Abraão. 
No evangelho, Jesus fala aos seus discípulos como “pequenino rebanho” (Lc. 12, 32), para lhe mostrar o que deve fazer, para que os tesouros deste mundo não sejam prioridade. 
Por isso, devemos estar vigilantes, à espera do Senhor, usando os bens, para acumular “um tesouro inesgotável nos céus” (Lc. 12, 33). Daí que se espere uma atitude de despreendimento e partilha com os mais necessitados, num coração liberto dos apegos terrenos, mais afeiçoado aos bens do alto, porque “onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração” (Lc. 12, 34). Para isso, peçamos a Deus a confiança, para vivermos como filhos.

Deus eterno e omnipotente, a quem podemos chamar nosso Pai, fazei crescer o espírito filial em nossos corações, para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida. Por NSJC…(Oração de colecta do XIX Domingo comum) 

O espírito filial, que deveremos experimentar regularmente, e fazer crescer, convida a levar-nos à relação com Deus Pai, para que a vida cresça em nós, de modo a usufruirmos um dia a felicidade da herança prometida, “o tesouro inesgotável do Reino”!

"Estai vós também preparados…" (Evangelho: Lc. 12, 32-48)

Reza! Faz encontro! Prepara-te! Jesus ama-te!
Levanta-te! Vamos em frente!»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XIX Domingo comum ano C e semana que se lhe segue) 

 
«E Jesus pergunta: Onde está o teu tesouro? 
No sucesso? No dinheiro? No conforto? No que os outros pensam de ti? 
Ou… está em Deus, que não falha, que não desiste, que te conhece e te ama até ao fim?
(...)
que Ele nos encontre assim: 
De coração firme. De lâmpada acesa. 
E com o nosso tesouro… guardado n’Ele.»

sábado, agosto 02, 2025

Ricos aos olhos de Deus


«Com os votos de que não façais férias na relação com Deus, tal como os ramos devem estar unidos à cepa, para frutificar, aqui estamos a dar continuidade a esta partilha, para podermos vivificar, a partir da seiva que nos vem do Senhor, na grande graça da Eucaristia.
Há claramente uma advertência, a não sermos insensatos, e cairmos no vazio, em que podemos incorrer, se nos deixarmos levar, e contaminar, apenas pelos bens e valores deste mundo, acabando por colher uma tremenda desilusão, no nosso projecto de vida. Não nos iludamos, e procuremos mergulhar na verdadeira fonte de vida, que Jesus Cristo nos propõe e a liturgia alimenta.

Vamos então viver a grande riqueza que a Eucaristia deste XVIII Domingo comum nos proporciona. Convida-nos a questionar a atitude que tomamos face aos bens deste mundo. Eles não podem ser deuses a comandar o nosso sentido de vida. 
A 1ª leitura alerta para o vazio e desilusão, que podemos colher, se não nos advertimos a procurar afeiçoar-nos às coisas do Alto, como nos sugere a 2ª leitura, porque “a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Col. 3, 3), assim nos lembra. E o evangelho é uma clara denúncia para a falência duma vida voltada e dominada pelos bens materiais. Então, não sejamos insensatos e loucos!

"Mostrai, Senhor, a vossa imensa bondade aos filhos que Vos imploram e dignai-Vos renovar e conservar os dons da vossa graça naqueles que se gloriam de Vos ter por seu criador e sua providência. Por NSJC…" (Oração de colecta do XVIII Domingo comum)

O evangelho do passado domingo convidava à oração confiante, pois “quem pede, recebe”. Como filhos, que Deus muito ama, pedimos hoje o que mais precisamos, os dons da graça de Deus, para saborearmos a bondade e a providência divina.

Em oração, deve pedir-se a bênção de “se tornar rico aos olhos de Deus”. (Evangelho: Lc. 12, 13-21)

Esta graça é de modo a remar contra a maré. Damo-nos conta de que, hoje, na sociedade, muita gente só pensa em si, nos seus bens, no que é material e visível, naquilo que o mundo sugere. Mas, afinal, para que serve, se partimos e deixamos tudo, se nada podemos transportar para a vida eterna? O que permanece para sempre é que devemos desejar: para nos afeiçoarmos às coisas do Alto, que não se corrompem, de modo a que façam parte de nós mesmos. Então, procuremos tornar-nos ricos “aos olhos de Deus”. É o que vale a pena! Peçamos essa riqueza!»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XVIII Domingo comum – ano C e semana que se lhe segue) 


«Tem cuidado com o desejo desenfreado, insano de possuir dinheiro, objectos preciosos, coisas para te gabares, seres notado, seres visto, despertares interesse, inveja. Mas também, tem cuidado com o desejo de possuir e controlar pessoas. Esposa, marido, filhos, pais.
(...)
 porque tua felicidade não depende do julgamento dos outros, de gostos, de notoriedade, da tua aparência.
(...)  
Jesus não diz que a riqueza é uma coisa suja. Só diz que é perigoso. Porque o nosso coração é forjado para o infinito e só o infinito pode finalmente satisfazê-lo.»

sábado, julho 26, 2025

A respiração da nossa alma

«Que persistamos na relação com Deus, apesar das férias! Elas não podem significar pausa ou ausência de Deus, mas traduzir-se num dinamismo de vida, participando regularmente na vida sacramental e experiência de oração. Como o evangelho deste XVII Domingo Comum nos revela, Jesus reza. A oração é como a respiração da nossa alma, e digam-me se alguém consegue sobreviver sem respirar sempre!

Como é bom rezar e celebrar, para sentir como Deus está connosco, mergulhando na sua bondade e misericórdia. A graça baptismal precisa de ser alimentada, para crescermos nesta “vida com Cristo”, lembra a segunda leitura.

Queremos então penetrar na intimidade de Deus? Peçamos ajuda ao Espírito Santo! Ele nos conduz ao amor de Deus, numa experiência filial, com o Pai, e fraterna, com os irmãos. Alimentemo-nos da Palavra, particularmente a que vivifica a fé de toda a Igreja, neste domingo. Ao colocar diante dos nossos olhos os exemplos de Abraão e de Jesus, a Palavra de Deus mostra-nos a importância da oração e ensina-nos a atitude que os crentes devem assumir no seu diálogo com Deus. 

A oração é diálogo confiante, que responde e transforma. Ao mesmo tempo, partimos da experiência duma vida em Cristo, que tem que ser alimentada. O amor de Deus, derramado em nossos corações, cresce nesta intimidade. Por isso é sempre um dom que nos é concedido pela acção do Espírito Santo. Para lhe sermos dóceis, precisamos de fazer “escola de oração”, em que o Espírito nos ensina. 

"Deus, protector dos que em Vós esperam, sem Vós nada tem valor, nada é santo. Multiplicai sobre nós a vossa misericórdia, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens temporais, que possamos aderir deste já aos bens eternos. Por NSJC…"     (Oração de colecta do XVII Domingo comum)

Aqui está o sentido para o que referi anteriormente. Como precisamos de mergulhar no Senhor, com a ajuda do Espírito, de modo a frutificar, no uso dos bens temporais, mas aspirando aos bens eternos!

“Quando orardes, dizei: Pai”… (Evangelho: Lc. 11, 1-13)

Jesus nos ensina. Aprendamos, com Ele, a rezar, com confiança, como uma criança que se dirige ao papá! O Senhor nos concede, no Espírito, o que necessitamos. Façamos a experiência!»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XVII Domingo comum – ano C e semana que se lhe segue) 

sábado, julho 19, 2025

Tempo para Deus

«Com certeza deves ter consciência que a relação com Deus não conhece férias, não suspendemos a relação mais bela e profunda da vida. Daí a persistência da nossa oração, da vivência eucarística e sacramental, duma vida em Cristo, que precisa de ser contínua e regular. Aliás, há pessoas que aproveitam o tempo de férias para um maior aprofundamento, com algum retiro ou experiência mais intensa na vida espiritual e comunitária. Além disso, há quem procure realizar algum voluntariado ou serviço aos outros. Assim se percebe também a continuidade desta reflexão, que partilho convosco, para manifestar a experiência de relação no Senhor, e no espírito comunitário e eclesial, que caraterizam a vivência da fé. É por tudo isto que faço votos de que saiamos deste tempo de repouso mais renovados e fortalecidos!

Vivemos o XVI Domingo do Tempo comum. Ele nos proporciona fazer uma reflexão sobre os nossos critérios, e os valores que dão mais sentido à vida, fecundada pela experiência de fé comprometida. A liturgia nos propõe o tema da hospitalidade e do acolhimento, que deveremos aprofundar. Deus e as suas propostas estão na base do que é mais importante para nós. 

A 1.ª leitura da Eucaristia propõe que estejamos atentos, porque Deus pode manifestar-se nos acontecimentos e nas pessoas que cruzam os nossos passos. Com uma atitude de acolhimento, podemos ser beneficiados com bênçãos surpreendentes. E a 2.ª leitura convida sobretudo a acolher o mistério d’Aquele, que esteve oculto, e agora se manifestou: “Cristo no meio de vós, esperança da glória” (Col. 1, 27). Mas, dum modo muito especial, são as figuras de Marta e de Maria, no evangelho, que nos proporcionam a oportunidade de fazer uma escolha, que deve representar a melhor parte para a nossa vida. Jesus e a sua Palavra representam a escolha certa e indispensável.

"Sede propício, Senhor, aos vossos servos, e multiplicai neles os dons da vossa graça, para que, fervorosos na fé, esperança e caridade, perseverem na fiel observância dos vossos mandamentos. Por NSJC…" (Oração de colecta do XVI Domingo comum)

Reparemos que o dom desta Eucaristia se concretiza na graça de sermos fiéis e praticantes, para a vivência das virtudes teologais da , da esperança e da caridade. É assim que a nossa fé frutificará, com as obras que a manifestam.

“Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (Evangelho: Lc. 10, 38-42)

Rezemos esta Palavra. 
Escutemos Jesus. Acolhamo-l’O. Não há graça e riqueza maior.» 
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XVI Domingo comum – ano C e semana que se lhe segue) 

 
«A inquietação… esse barulho dentro do coração… 
Que nos impede de ver quem está à nossa frente. 
Que nos faz confundir servir com controlar. 
Agir com amar.
(...)
Não basta fazer muito. 
É preciso amar bem. 
Não basta dizer “Sim, Senhor”… 
É preciso dar-Lhe lugar no nosso tempo, na nossa casa, no nosso silêncio. 

Que saibamos parar. 
Escutar. 
E amar. 

Porque o mais importante… nunca é urgente. 
Mas é eterno.»



sábado, julho 12, 2025

Cristo é o centro da nossa vida

«Por Ele e para Ele tudo foi criado!

Dá-te conta! Cristo é o centro da nossa vida. Não procurar entender isto, é o maior erro da nossa vida. E há por aí muita gente que prefere andar equivocada, foge à verdade, e vive o maior engano da sua história, e, quando se afasta de Jesus Cristo, da sua proposta, e da sua Igreja, acaba por nunca se encontrar consigo própria, com os seus valores, aquilo que dá sentido mais pleno à sua vida, e o caminho que permitiria a sua maior e perfeita realização. 

Tens, em cada domingo uma excelente oportunidade de te encontrares com Cristo, e com os irmãos na fé, para lhe fazeres perguntas, e obteres os desafios que te lança, para deixares a mediocridade, corrigires os erros, e encontrares o melhor caminho de realização e felicidade. 

Para que a vida cristã cresça em nós, e a fé se desenvolva e frutifique, tem que ser alimentada, numa experiência de relação de amor a Deus e aos irmãos. A primeira parte da Eucaristia, com a celebração da Palavra, permite esse alimento, pois a fé entra pelo ouvido, pela escuta e adesão à Palavra que nos é anunciada. 
A primeira leitura, do livro do Deuteronómio, começava com o convite: “Escutarás a voz do Senhor, teu Deus”; e terminava com a proposta: “Esta palavra está perto de ti, está na tua boca e no teu coração, para que a possas pôr em prática”. 
A segunda leitura, da Epístola aos Colossenses, nos centrava em Cristo Jesus, Primogénito de toda a criatura, por quem e para quem tudo foi criado. Quase no final, deixa a expressão do sentido maior que Ele dá à nossa vida na fé: “Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude”. 
É por Ele que nos vem a felicidade e a vida plena! Mas, o evangelho nos deixa ficar a proposta, para alcançar a vida eterna, como herança. Muitíssimo interessante este diálogo de Jesus com o doutor da lei, que convido a reler, na citação que apresento:

“Então vai e faz o mesmo”   (Evangelho: Lc. 10, 25-37)

Perante a tentação de também nos afastarmos, como os dois primeiros personagens, passando ao lado, somos convidados a aproximar-nos, como o samaritano, amar e servir o próximo. Jesus é o verdadeiro samaritano, que não foge, e ama, com um horizonte alargado. E eu?!

Senhor nosso Deus, que mostrais aos errantes a luz da vossa verdade, para poderem voltar ao bom caminho, concedei a quantos se declaram cristãos que, rejeitando tudo o que é indigno deste nome, sigam fielmente as exigências da sua fé. Por NSJC… (Oração de colecta do XV Domingo comum)

Como facilmente descobrimos, esta oração pede a graça de rever o estilo de vida que o Baptismo nos propõe, que nos tornou cristãos, filhos de Deus. Uma excelente oportunidade de aprofundar a vivência baptismal, para todos os que participamos na Eucaristia, com a necessidade de alimentar a fé pela Palavra de Deus, no nosso coração, e que há-de frutificar na experiência de amor.»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XV Domingo comum – ano C e semana que se lhe segue) 

sábado, julho 05, 2025

Está perto o reino de Deus

«No passado domingo fomos desafiados ao seguimento de Jesus. Hoje somos convidados ao envio. Percebemos que vocação e missão se completam. Celebramos o XIV Domingo Comum, e a liturgia da Palavra apresenta-nos três figuras: 
_ a do profeta anónimo (Isaías), que convida os habitantes de Jerusalém a abrir-se a Deus que os ama; 
_ a de Paulo, que convida à identificação com Jesus Cristo, para um anúncio fiel com a glória da cruz; 
_ e a dos setenta e dois discípulos, que representam os seguidores de Jesus de todas as épocas.

 “Designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à Sua frente… Ide!” (Evangelho: Lc. 10, 1-12; 17-20)

O Evangelho de hoje apresenta-nos o tema do envio, com maior desenvolvimento. 
Os discípulos são enviados a continuar a obra libertadora de Jesus, anunciando a Boa Notícia aos homens de toda a terra e de todos os tempos. Com confiança e simplicidade de vida, contribuamos para a libertação do que oprime e escraviza a humanidade, realizando a salvação prometida. Se o profeta é enviado para libertar e alegrar o povo, será pela experiência do amor de Deus que consola e enche de júbilo. Mas para isso torna-se necessário seguir o caminho que Paulo nos apresenta, sem egoísmo e vaidade, mas com amor, espírito de serviço e doação a todos. Somos enviados em comunidade (2 a 2), mas é Jesus que anunciamos; é Ele que deve entrar em cada cidade e em cada coração. E vejamos como inscrevemos o nosso nome nos céus!

"Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantaste o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna. Por NSJC…" 
(Oração de colecta do XIV Domingo Comum)

O pecado escraviza, e Jesus Cristo libertou-nos. Por isso, importa viver em Cristo ressuscitado, na vida nova do baptismo, com a alegria que só Ele pode dar, para crescermos na autêntica felicidade, em ordem à vida imortal. É essa graça que pedimos neste domingo.


Recordando que no passado domingo éramos convidados a rezar o chamamento de Jesus: Segue-Me. Mas Ele chama para enviar em missão. É o desafio que nos lança hoje. Para isso, precisamos de estar disponíveis para o encontro com Ele, e a comunidade, pois nos envia, não isoladamente, mas em Igreja. Assim, digamos a Jesus: eis-me aqui! Podes enviar-me!»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XIV Domingo comum – ano C e semana que se lhe segue)  

A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos!

Ide!

sábado, junho 28, 2025

sexta-feira, junho 27, 2025

No mês do Sagrado Coração de Jesus


"Tomou, então, o pão e, depois de dar graças, partiu-o e distribuiu-o por eles, dizendo: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei isto em minha memória.» Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este cálice é a nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós.»" (Lc 22, 19-20)

É na Eucaristia que o Coração de Jesus, o seu amor, se dá todo a nós: corpo, sangue, alma e divindade. 
Ele é o Pão Vivo descido do Céu para ser nosso alimento.
Comungá-lo é viver d'Ele, é permanecer n'Ele, é receber a Vida, é alimentar-se do Pão celeste que dá vida, santifica, cura, transforma, purifica, fortalece, cristifica.
A Eucaristia é a presença de todo o Seu Coração (Amor) e, por isso, deve ser o centro da nossa vida.
No altar temos de aprender com Cristo, com o Seu Coração Eucarístico, a darmo-nos, a ser alimento para os outros viverem através do nosso dom e da nossa entrega, no serviço alegre e humilde, na dádiva de nós aos outros. 
(In: Dário Pedroso, S.J. - Coração Trespassado, O Amor Louco de Deus)


Na sexta-feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, a Igreja celebra a festa do Sagrado Coração de Jesus.
 
Mas a Igreja dedicou à sua veneração também um mês inteiro: o mês de Junho.

A Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

sábado, junho 21, 2025

Uma pergunta que exige vida

«Retomado o tempo comum da liturgia, celebramos o XII Domingo comum.
A palavra de Deus coloca-nos a pessoa de Jesus, e a sua proposta, no centro, à espera da nossa resposta. Quem é Ele para nós, é o desafio que nos é dirigido. 
O messias e libertador convida-nos a identificar-nos com Ele, tomando a nossa cruz para segui-lO. D’Ele jorra a nascente de graça, que alimentará a nossa fé e a nossa vida, para que sejamos “revestidos de Cristo” (Gal. 3, 27), e O podermos testemunhar com autenticidade. 
Alguns, de entre nós, fizeram a Profissão de Fé, e outros começaram a comungar. Então, aqui fica o convite a alimentar-nos d’Ele, para que o testemunho seja coerente e verdadeiro.

Não esquecendo que precisamos de tomar a nossa cruz todos os dias, para sermos verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, importa que a nossa resposta não seja abstracta e sem sentido, e também não se confunda com o erro das multidões. 
Na verdade, deveremos provar se somos, ou não, seguidores de Jesus. Todos os que foram baptizados estão revestidos de Cristo, lembra S. Paulo, na Epístola aos Gálatas. Então deveremos ser “um só em Cristo Jesus” (Gal. 3, 28). Com os colegas, diante dos amigos, na família, no nosso grupo, digamos quem é Cristo para nós, sem medo nem cobardia. O mundo precisa conhecer quem é Cristo, o amor que Ele tem por todos, a vida plena que oferece, a experiência de salvação que só Ele pode dar.

"Senhor, fazei-nos viver a cada instante no temor e no amor do vosso Santo Nome, porque nunca a vossa providência abandona aqueles que formais solidamente no vosso amor. Por NSJC…" (Oração de coleta do XII Domingo Comum)

Nós somos convidados a perceber que estamos em comunhão com Deus, não apenas quando estamos em Igreja, na celebração ou na nossa oração. Mas devemo-nos sentir sempre na presença de Deus, permanentemente, a cada instante, a experimentar o Seu amor, pois Ele está connosco em todos os momentos da vida. E com esta certeza, a experiência constante da Sua bondade é alimento sólido, para frutificarmos numa vida em Cristo.

“E vós, quem dizeis que Eu sou”?  (Evangelho: Lc. 9, 18-24)

Reparemos que Jesus está em oração, na intimidade com o Pai e no Espírito. Nesta comunhão com Deus, desafia os discípulos, fazendo-os mergulhar nesta fonte, para que possam unir a oração à vida, a relação com Deus, no sofrimento e na cruz de cada dia. A nossa comunhão com Jesus deve ser permanente, para que tenhamos constância no sofrimento e na dor, como consequência da prática dos valores e das atitudes, que o seguimento de Jesus nos inspira. Então digamos, na nossa oração a Jesus, quem é Ele para mim! Que lugar tem no meu coração?»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o XII Domingo comum – ano C e semana que se lhe segue)  

 
«Vivemos na superfície.
Na pressa que afoga, na conexão sem encontro, no amor sem raiz.
Tudo é passageiro.
Pessoas viram os rostos.
Promessas, vento.
Projetos, poeira.

É nesse mundo líquido, onde tudo escorre por entre os dedos,
que Jesus faz uma pergunta que corta o tempo:
“E tu… quem dizes que Eu sou?”

Não é uma pergunta para responder com os lábios.
É uma pergunta que exige vida.
Silêncio. Coragem.
Porque não se trata de opinião,
mas de existência.

sábado, junho 14, 2025

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!


«A liturgia deste domingo, (que seria o XI do Tempo Comum), convida-nos a celebrar a Santíssima Trindade, sempre após a solenidade do Pentecostes.
Em comum com a religião judaica e muçulmana, afirmamos a fé num Deus único, de unidade e de comunhão; é uma família divina, uma Comunidade de vida e de amor. É um só Deus em três pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 
Na Eucaristia, começamos com essa invocação, logo no início, vamos renovando a comunhão com a Santíssima Trindade inúmeras vezes, ao longo da celebração, que termina com a bênção “em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.  Assim, queremos acolher os dons e a graça, para uma vida íntima com Deus, realizando uma relação pessoal com cada uma das pessoas da Santíssima Trindade.
Esta vivência, exprimindo a relação íntima e pessoal com Deus, faz-se sempre com o sentido comunitário de Igreja. 

Mais do que celebrar um só Deus em três pessoas, sempre difícil para a nossa compreensão, é um convite a celebrar o Deus de Amor, o sentido de família, pois fomos criados para entrar na comunhão deste mistério. Precisamos, por isso, mais do que compreender, viver e experimentar esta relação de amor. 


A oração que fazemos deve distinguir bem, quando falamos com Deus Pai, ou com Deus Filho, Jesus Cristo, ou ainda com Deus Espírito Santo, “Senhor que dá a Vida”, como afirmamos no Credo. Há o perigo de se tornar abstrata, e vaga, se não existe a relação pessoal.

Se podemos ter acesso a Deus, a partir da criação, como nos anuncia a 1ª leitura, é pela fé em Cristo que apoiamos a nossa esperança, lembra a 2ª leitura, e com o amor de Deus, que nos foi dado pelo Espírito Santo.

"Deus Pai, que revelastes aos homens o vosso admirável mistério, enviando ao mundo a Palavra da verdade, e o Espírito da santidade, concede-nos que, na profissão da verdadeira fé, reconheçamos a glória da eterna Trindade e adoremos a unidade na sua omnipotência. Por NSJC…"  (Oração de colecta na solenidade da Santíssima Trindade)

Reparemos que a oração se dirige a Deus Pai, que nos enviou o seu Filho Jesus, a Palavra da verdade, e o Espírito de santidade. Pela profissão da verdadeira fé, pede-se a graça de reconhecer um só Deus, em três pessoas, o único Absoluto a quem adoramos.

"Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena."  
(Evangelho: Jo. 16,12-15)

Também nós temos dificuldade em compreender, quem é Deus, e tudo o que Ele tem para nos ensinar. Pelo amor, derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo, temos a graça da vida plena e verdadeira, numa profunda comunhão no amor de Deus. Por isso, rezamos!»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para a Solenidade da Santíssima Trindade – ano C e semana que se lhe segue)

Deus é amor (1Jo. 4, 8)

«Deus tem três jeitos de AMAR...
Chamamos a esses “jeitos” de Pessoas.

Deus é Trindade: Comunhão perfeita de Três Jeitos de Ser, de amar, de se dar, de se abrir, de estar em relação.

    Jeito de amar do Pai:
“Sou todo para ti! Dou-te todo o Meu Amor, dou-Me todo a Ti!”
→ Amor com jeito de dom total, de sonho, de iniciativa, de graça.
→ É o Amor que Jesus nos ensinou a chamar “Abba”, Papá.

    Jeito de amar do Filho:
“Sou todo por ti! Acolho o Teu Amor, recebo-Me todo de Ti!”
→ Amor com jeito de acolhimento, escuta, obediência, abertura.
→ É o Amor revelado na vida, palavras e gestos de Jesus.

     Jeito de amar do Espírito Santo:
“Sou todo para todos! Acolhe o Amor, acolhe o Amor!”
→ Amor com jeito de abraço, aliança, inspiração, laço de encontro.
→ É a ternura maternal de Deus, que nos une, anima e guia.

sábado, junho 07, 2025

O Espírito Santo que nos é dado

 

O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo!


«Completa-se o tempo pascal com o Pentecostes, a vinda do Espírito Santo. 
Páscoa e Pentecostes são duas faces da mesma moeda: o dom à Igreja do Espírito de Cristo ressuscitado. 
Acolhamos com a alegria e gratidão um dom tão excelente, para colocar a render ao serviço dos irmãos. Com o Espírito Santo recebemos o dom de Deus, que dá vida, renova e transforma, para construir a comunidade e fazer surgir o Homem Novo, em cada um de nós. Que bom poder partilhar tema tão belo com jovens, que o não querem ser apenas na idade, mas vivê-lo em verdade! Aqui está o segredo: é pela vida em Cristo ressuscitado, e pela ação do Espírito, que se obtém a renovada juventude da alma!

Duma forma visível, é o primeiro dia da Igreja. “Igreja em saída”, em missão no meio dos homens. Maria e os Apóstolos estavam unidos, em oração no Cenáculo, mas o Espírito Santo impeliu-os para o meio da multidão. 
O pior que pode acontecer a um cristão é continuar fechado dentro de si. Precisa de reunir-se aos irmãos, acolher o dom do Espírito, e assumir a missão do envio. Como os Apóstolos e Maria, no Cenáculo, reunamo-nos em assembleia, para recebermos os dons, e podermos proclamar “as maravilhas de Deus”, assim finaliza a primeira leitura. Como membros dum só Corpo, invoquemos o Senhor, pois sabemos que “em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum” (1 Cor. 12, 7).

"Deus do universo, que no mistério do Pentecostes santificais a Igreja, dispersa entre todos os povos e nações, derramai sobre a terra os dons do Espírito Santo, de modo que também hoje se renovem no coração dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho. Por NSJC…"     (Oração de colecta no domingo de Pentecostes)

O que se pede nesta solenidade, não é o Espírito, por medida, mas que seja derramado abundantemente, para continuar a operar as maravilhas da primeira hora. O Espírito Santo acompanha sempre a Igreja, e só Ele a renova e edifica. Invoquemo-lO com confiança!

"Recebei o Espírito Santo" (Evangelho: Jo. 20, 19-23)

Os discípulos em Éfeso nem sequer sabiam que existia o Espírito Santo (Cf. Act. 19, 2), mas muitos de nós ouvimos falar d´Ele, continuando a desconhecê-lO. 
Peçamo-lO, na nossa oração, sem medo, e com toda a confiança. O Pai do céu dá o Espírito Santo àqueles que lho pedem. Abramos e renovemos o nosso coração. Ele nos diz: “Recebei…”  Acolhamos com gratidão!»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para a Solenidade do Pentecostes – ano C e semana que se lhe segue)



 
Senhor, que, pelo Espírito Santo, estais sempre presente no mundo: 
Senhor, tende piedade de nós. 
     R: Senhor, tende piedade de nós. 

Cristo, que dais o Espírito Santo para o perdão dos pecados: 
Cristo, tende piedade de nós. 
     R: Cristo, tende piedade de nós. 

Senhor, que enviais o Espírito Santo para criar um mundo novo: 
Senhor, tende piedade de nós. 
     R: Senhor, tende piedade de nós.
(Acto penitencial no Pentecostes)

sábado, maio 31, 2025

Corações ao alto!

«Com a Ascensão, a liturgia pascal encaminha-nos para a vida plena no Senhor ressuscitado. Efectivamente, no final de um caminho, percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Mas o caminho continua, agora connosco, seguidores de Jesus Cristo, para realizar o projecto libertador de Deus, de modo a beneficiar toda a humanidade. 
Completada a obra de reconciliação, e de renovação de toda a criação, Jesus continua a dar vida nova, agora no seio do Pai. Cristo, cabeça do Corpo, continua a dar a Vida, para que Ele seja “tudo em todos” (Ef. 1, 23), como termina a segunda leitura. Tenhamos o coração sempre aberto, e supliquemos o Espírito Santo, para sermos suas testemunhas, até aos confins da terra e à plenitude dos tempos.

A Ascensão de Jesus abre o caminho à humanidade. A nossa natureza, enriquecida com a vida divina de Cristo, acolhe o chamamento a participar da glória, de que beneficia a nossa Cabeça, em que o Corpo anseia unir-se e viver. Se os discípulos “estavam continuamente no templo” (Lc. 24, 53), como refere o evangelho deste domingo, precisamos de estar unidos, na assembleia dominical, para ser iluminados e fortalecidos pelo Espírito Santo, continuando o plano de Jesus. Não há outro caminho, mais ninguém consegue este desígnio, senão pela graça de Jesus Cristo. Assim, por Ele, procuremos corresponder à esperança a fomos chamados.

"Deus omnipotente, fazei-nos exultar em santa alegria e em filial acção de graças, porque a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança: tendo-nos precedido na glória como nossa Cabeça, para aí nos chama como membros do seu Corpo. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo." (Oração de colecta na solenidade da Ascensão)

Esta oração expressa a forma como devemos viver a Ascensão: com alegria e acção de graças, porque nos indica que a porta foi aberta. O Corpo, que é a Igreja, é chamado a unir-se à Cabeça, que é Cristo, e participar da Sua glória.

"Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai"  Evangelho: Lc. 24, 46-53

Na semana passada, rezávamos a Jesus que prometeu voltar e ficar connosco. No evangelho deste domingo, concretiza a promessa com o envio do Espírito Santo. 
Como O vemos? Ele é a força e poder de Deus, não à maneira do homem, mas como dom que renova, fortalece, vivifica e salva. Invoquemo-lO! Sem Ele, nada podemos fazer, pois vem em auxílio da nossa fraqueza.»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o VII Domingo de Páscoa – Ascensão do Senhor – ano C e semana que se lhe segue)

«Na Ascensão, Jesus eleva-se ao Céu.
Deixou de estar connosco para estar em nós.
(...)
Corações ao alto! Que saibamos responder efectivamente que o nosso coração está em Deus porque Ele está no nosso coração.»


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