«Iniciamos
a semana maior da nossa fé, como é tradicionalmente conhecida. Que ela seja a
mais bela expressão da vida cristã para todos!
E se ser cristão é ser outro
Cristo, queremos aproveitar este dom para corresponder ao último passo da
caminhada para a vida nova que o Senhor nos oferece.
O domingo de Ramos da
Paixão do Senhor é assinalado por duas facetas: em primeiro lugar a bênção dos
ramos, para celebrar a entrada solene de Jesus em Jerusalém, e depois a
experiência de Deus que, por amor, Se fez um de nós, para servir, dar a vida, e
libertar-nos da escravidão e do egoísmo.
Na
liturgia da Palavra, somos convidados a ser discípulos, seguindo o Mestre, Ele
que, sendo de condição divina, assumiu ser humilde e servidor, para que Deus O
exaltasse como Senhor e Redentor. Com centralidade no relato da Paixão do
Senhor, deixemo-nos interpelar pelo sentido da vida plena, com o exemplo do
Senhor na entrega incondicional, feita dom de amor total.
Com as
duas dimensões, tão contrastantes, que a celebração do domingo de Ramos nos
apresenta, queremos unir-nos indissociavelmente à manifestação gloriosa e
redentora de Jesus Cristo. Não é por acaso que normalmente é uma das
celebrações mais concorridas na participação dos fiéis. Que a nossa vivência
não se fique limitada na busca duma bênção, separada do mistério íntegro e
profundo da fé, mas procure expressar o seguimento do caminho, que Jesus Cristo
propõe a todos os que querem ser seus discípulos. É assim que a Paixão do
Senhor continua na vida da Igreja, a beneficiar todos os que querem completar
na sua vida o que falta à Paixão de Cristo. Deixemo-nos libertar e salvar!
"Deus
eterno e omnipotente, que, para dar aos homens o exemplo de humildade,
quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e padecesse o suplício da cruz,
fazei que sigamos os ensinamentos da sua paixão, para merecermos tomar parte na
glória da sua ressurreição." (Oração de colecta no Domingo de Ramos na Paixão do Senhor)
A incarnação de Jesus foi autêntica, assumindo ser um de nós, com os pés na terra
(húmus), e não em bicos de pés, como fazem muitos, e, como homem livre,
suportou a cruz, por amor, para nos libertar de todas as amarras e escravidões.
É assim que nos propõe um caminho de serviço e de doação, para poder atingir a
plenitude da glória na ressurreição. Sigamos o seu exemplo e peçamos a sua
graça, para termos força de seguir o seu caminho! Não há Cristo sem cruz, e só
poderemos ser cristãos se O seguirmos em verdade, com a nossa cruz!
“Pai, em
tuas mãos entrego o meu espírito” (Evangelho: Lc 22, 14-23, 53)
A entrega
amorosa de Jesus ao Pai é fonte que convida a mergulharmos na vida divina, com
que fomos presenteados na graça do baptismo. Filhos de Deus, e seguidores de
Jesus, continuamos a doação da vida a Deus e aos irmãos. Sem reservas, nem
medos! Sem mentira e sem fingimento! No momento supremo da sua vida, Jesus
rezou um salmo.
A nossa oração, unidos a Jesus, manifesta a história do nosso
amor. É a respiração da nossa alma, até ao último momento, numa entrega total a
Deus!»
(Pe. Armando Duarte, partilha/reflexão para o Domingo de Ramos e Semana Santa)